UMA HISTÓRIA REAL
COM O MANTO DA FÁBULA
.
.
A notícia, publicada anteontem no jornal argentino "Clarín", expandiu-se e muitos outros meios de comunicação, em várias partes do mundo, deram a conhecer a extraordinária proeza de uma cadelinha de oito anos, mãe de uma ninhada de cachorros, que “adoptou” um bebé recém-nascido abandonado pela mãe: uma adolescente de catorze anos.
Como gosto de animais, tendo uma especial predilecção pelo género canino, quero registar a história neste blogue. E como sempre, pensa-se escrever sobre um determinado assunto, mas uma última solicitação faz-nos mudar o rumo da conversa.
A “fábula” desenrolou-se em Abastos, uma aldeia a 50 quilómetros de Buenos Aires.
Segundo narram os jornais, na noite de quarta-feira passada, a criança, logo após o parto, foi abandonada num terreno inculto, não muito distante de algumas barracas habitadas.
“China”, assim se chama a cadela, ouviu o choro da menina, foi em busca e encontrou-a a cinquenta metros.
Com grande delicadeza, conseguiu empurrá-la até à sua tosca casota - presume-se que assim tivesse acontecido, visto que a menina não mostra sinais de dentadas, mas apenas algumas escoriações – e, aí chegada, aconchegou-a aos seus cachorrinhos, protegendo-a do frio e salvando-lhe a vida.
O dono da “China”, Favio Anze, um trabalhador agrícola originário da Bolívia, de madrugada acordou com um choro ininterrupto de bebé. Foi investigar e deparou com um espectáculo verdadeiramente lindo: uma menina misturada com os cachorros e “China” a protegê-los, sem distinções, com o carinho que o instinto de mãe lhe sugeria.
A recém-nascida estava nua, ainda mantinha parte do cordão umbilical, suja de lama e, como atrás dizia, apenas com alguns arranhões.
Imediatamente foi transportada para o hospital Alejandro Korn, onde a trataram, ministraram-lhe as primeiras vacinas e está agora sob observação, a fim de evitar riscos de infecções.
Tinha nascido há poucas horas, depois de uma gestação de 39 semanas, e pesa quatro/cinco quilos.
O pessoal médico baptizou-a, dando-lhe o nome Esperança.
No dia seguinte, a adolescente - que vive perto da zona onde abandonou a filha - apresentou-se no hospital, ficou internada e admitiu que é a mãe da menina.
Quase não fala, nada explicou sobre os motivos do seu gesto. O médico que a assistiu informou que chegou ao hospital com um forte choque de carácter emotivo.
Não se conhecem, portanto, quais as condições de vida e em que ambiente deu à luz, quais os impulsos que a levaram à rejeição da criança.
O mesmo médico, Egídio Melia, director do hospital, comentou que há apenas uma única certeza: “O instinto materno da cadelinha foi mais forte que o instinto materno da mãe”.
Não quero exprimir juízos sobre uma parturiente de catorze anos. Tudo se pode conjecturar: uma gravidez fruto de violência? Grande imaturidade, o que é óbvio, e pavor pelo que lhe estava a acontecer?
Seja como for, a rapariguinha só me merece uma grande piedade.
Concentremos a atenção na heroína da fábula.
Comoveu a inteira Argentina – aliás, comove todos os que tomam conhecimento da história.
“China”, agora, é alvo das máximas atenções, o que a torna agitada e inquieta.
Esperemos que, pelo menos, lhe proporcionem uma casota de luxo e que possa amamentar os cachorrinhos no maior conforto.
Entretanto, proponho uma sugestão, poética, recolhida em reset-italia.net:
“Imaginemos, por um instante, como num filme, ver a “China” que encontra a bebé, a leva para o ninho junto com os cachorrinhos e lhe dá todo o seu amor. Uma história emocionante para além de quaisquer limites?
Fechai os olhos e imaginai ver este filme. Um filme belíssimo! Um filme escrito pela Mãe Natureza”.
Diversas vezes imaginei e imagino este filme!
Como gosto de animais, tendo uma especial predilecção pelo género canino, quero registar a história neste blogue. E como sempre, pensa-se escrever sobre um determinado assunto, mas uma última solicitação faz-nos mudar o rumo da conversa.
A “fábula” desenrolou-se em Abastos, uma aldeia a 50 quilómetros de Buenos Aires.
Segundo narram os jornais, na noite de quarta-feira passada, a criança, logo após o parto, foi abandonada num terreno inculto, não muito distante de algumas barracas habitadas.
“China”, assim se chama a cadela, ouviu o choro da menina, foi em busca e encontrou-a a cinquenta metros.
Com grande delicadeza, conseguiu empurrá-la até à sua tosca casota - presume-se que assim tivesse acontecido, visto que a menina não mostra sinais de dentadas, mas apenas algumas escoriações – e, aí chegada, aconchegou-a aos seus cachorrinhos, protegendo-a do frio e salvando-lhe a vida.
O dono da “China”, Favio Anze, um trabalhador agrícola originário da Bolívia, de madrugada acordou com um choro ininterrupto de bebé. Foi investigar e deparou com um espectáculo verdadeiramente lindo: uma menina misturada com os cachorros e “China” a protegê-los, sem distinções, com o carinho que o instinto de mãe lhe sugeria.
A recém-nascida estava nua, ainda mantinha parte do cordão umbilical, suja de lama e, como atrás dizia, apenas com alguns arranhões.
Imediatamente foi transportada para o hospital Alejandro Korn, onde a trataram, ministraram-lhe as primeiras vacinas e está agora sob observação, a fim de evitar riscos de infecções.
Tinha nascido há poucas horas, depois de uma gestação de 39 semanas, e pesa quatro/cinco quilos.
O pessoal médico baptizou-a, dando-lhe o nome Esperança.
No dia seguinte, a adolescente - que vive perto da zona onde abandonou a filha - apresentou-se no hospital, ficou internada e admitiu que é a mãe da menina.
Quase não fala, nada explicou sobre os motivos do seu gesto. O médico que a assistiu informou que chegou ao hospital com um forte choque de carácter emotivo.
Não se conhecem, portanto, quais as condições de vida e em que ambiente deu à luz, quais os impulsos que a levaram à rejeição da criança.
O mesmo médico, Egídio Melia, director do hospital, comentou que há apenas uma única certeza: “O instinto materno da cadelinha foi mais forte que o instinto materno da mãe”.
Não quero exprimir juízos sobre uma parturiente de catorze anos. Tudo se pode conjecturar: uma gravidez fruto de violência? Grande imaturidade, o que é óbvio, e pavor pelo que lhe estava a acontecer?
Seja como for, a rapariguinha só me merece uma grande piedade.
Concentremos a atenção na heroína da fábula.
Comoveu a inteira Argentina – aliás, comove todos os que tomam conhecimento da história.
“China”, agora, é alvo das máximas atenções, o que a torna agitada e inquieta.
Esperemos que, pelo menos, lhe proporcionem uma casota de luxo e que possa amamentar os cachorrinhos no maior conforto.
Entretanto, proponho uma sugestão, poética, recolhida em reset-italia.net:
“Imaginemos, por um instante, como num filme, ver a “China” que encontra a bebé, a leva para o ninho junto com os cachorrinhos e lhe dá todo o seu amor. Uma história emocionante para além de quaisquer limites?
Fechai os olhos e imaginai ver este filme. Um filme belíssimo! Um filme escrito pela Mãe Natureza”.
Diversas vezes imaginei e imagino este filme!
Alda M. Maia
3 Comments:
Que história mais emocionante.
Um recém-nascido salvo por uma cadela! Que intinto maravilhoso que a Mãe Natureza doou a este animal!
Que drama andará à volta da mãe biológica? 14 anos!... de qualquer modo, abandonar um recém-nascido? Que dramas que a vida contém!
Haja Esperança que bons dias virão para a menina!
Uma abraço, Alda.
António
Cada vez mais aprecio os animais e os considero muito mais "racionais" do que uma grande percentagem dos humanos.
Gostei do que li. Fiquei verdadeiramente comovida, razão pela qual o Jack, o meu cão que me acompanha, aos meus pés nestas noites internáuticas, foi alvo de mimos adicionais.
Aproveito para responder a "ambos e dois"
O António tem dificuldade a compreender o abandono da criança pela adolescente de 14 anos. É, efectivamente, uma atitude cruel. Porém, considero a imaturidade da rapariga, considero ambientes difíceis e problemáticos e, se quer que lhe diga, a mocinha inspira-me pena.
Bom, inspira-me piedade, porque a história acabou em grande beleza, não acham?
Eu também tenho uma cadelinha (Yuca): abandonada, quando a recolheram estava para sucumbir de fome e doença. Hoje está cheia de vida e, of course, a minha única companhia.
Um abraço aos dois e muito obrigado pelos vossos comentários.
Alda
Enviar um comentário
<< Home