A PALAVRA MAIS BONITA DO MUNDO
O jornal La Reppublica, de quinta-feira passada, 27 Dezembro, dedicou uma página inteira a um concurso lançado pela revista literária alemã – Kulturaustausch – a fim de classificar a palavra mais bonita do mundo. O critério de escolha baseava-se na musicalidade e significado do termo.
Apenas li o título, pensei imediatamente no nosso vocábulo saudade, pois não seria a primeira vez que entra em tais classificações. Não me enganei: figura nas primeiras sete classificadas, ocupando o sexto lugar.
Provenientes de 58 países de todos os continentes, chegaram milhares de palavras - a Agência Ansa indica 2500 e 60 países.
O júri seleccionou as primeiras sete.
O número um da lista é a palavra turca YAKAMOZ que significa: reflexo da lua na água.
Como significado, é lindo, poético. Quanto a musicalidade, visto que desconheço a pronúncia, não posso exprimir juízos.
Em 2.º lugar: hu lu: dormir, respirando profundamente (ressonar?) – China.
A terceira palavra seleccionada foi volongoto: caótico; língua africana de uma região do Uganda.
Quarto lugar: oppholdsvaer: a luz do dia depois da chuva; Noruega.
Chega-se à 5.ª classificada: madala: graças a Deus; língua africana Hausa.
Em 6.º lugar: saudade: traduziram apenas como nostalgia; BRASIL (!?)
Aqui, fiquei ligeiramente perplexa, mas pensei que, provavelmente, houve muitos participantes brasileiros, e passe a incorrecção.
Porém, continuando a leitura, o jornalista salienta que a “palavra espanhola caracol" (face de carvão), enviada por muitos argentinos, poderia ter entrado nos primeiros lugares.
A este ponto, a minha perplexidade cresceu e começou a azedar-se. Se caracol (enviada por argentinos) faz parte da língua espanhola – língua que se fala na Argentina - surge uma pergunta muito legítima: que língua se fala no Brasil?
Ademais, o lindo termo saudade é qualquer neologismo tipicamente brasileiro ou é património do vernáculo português?
Uso a expressão “património do vernáculo português” que difere um pouco de “património da língua que se fala em Portugal e no Brasil”.
Kulturaustausch, como revista literária, pode ser excelente; como permuta de culturas (conforme o significado do próprio título), seria aconselhável que fosse menos desenvolta, quando indica a língua de origem das palavras eleitas.
Se, pelo contrário, o deslize foi do autor da reportagem – Marco Ansaldo - de La Repubblica, não me surpreende. Nos jornais italianos, relativamente ao nosso País, são useiras e vezeiras estas falhas.
Às vezes sonho que temos um corpo diplomático, em Roma, muito atento a certas incorrecções sobre Portugal. Não passa de sonho.
Embora este caso que hoje comento seja uma questão de lana-caprina, outros há que, por ignorância ou superficialidade, nos diminuem.
Mas os Senhores Diplomatas têm programas sociais que lhes não deixam tempo para dedicar atenção às demais causas; ao fim e ao cabo, trata-se de insignificâncias!...
Paro o prestígio e bom nome de um país, todavia, também concorrem as insignificâncias.
A auto-estima, a nível quase zero, da parte de cá; do outro lado, indiferença: não haverá modo de abanar violentamente a passividade destes lusitanos acomodados e xenófilos sem brio?
Referindo-me ainda à votação da palavra do ano 2007, no sétimo lugar colocaram PEREKOTIPOLE: o corredor do deserto; Ucrânia.
Parece-me que SAUDADE merecia o primeiro lugar: pela complexidade e beleza do significado; pela intensidade poética; pela suavidade do som; por ser palavra intraduzível - aliás, esta também era uma característica necessária para a selecção das palavras. Mas isto é uma opinião muito de parte, claro está!
Saudade sintetiza todos os requisitos, mas ganhou Yakamoz, e talvez acertadamente. Como se pronunciará?
****
Últimas horas do fim de 2007: que decorram alegres.
Amanhã, primeiro dia de 2008: que se anuncie esplêndido, mesmo com chuva e vento, e que continue com dias positivos até 31 de Dezembro, se não é pedir de mais.
Alda M. Maia
O jornal La Reppublica, de quinta-feira passada, 27 Dezembro, dedicou uma página inteira a um concurso lançado pela revista literária alemã – Kulturaustausch – a fim de classificar a palavra mais bonita do mundo. O critério de escolha baseava-se na musicalidade e significado do termo.
Apenas li o título, pensei imediatamente no nosso vocábulo saudade, pois não seria a primeira vez que entra em tais classificações. Não me enganei: figura nas primeiras sete classificadas, ocupando o sexto lugar.
Provenientes de 58 países de todos os continentes, chegaram milhares de palavras - a Agência Ansa indica 2500 e 60 países.
O júri seleccionou as primeiras sete.
O número um da lista é a palavra turca YAKAMOZ que significa: reflexo da lua na água.
Como significado, é lindo, poético. Quanto a musicalidade, visto que desconheço a pronúncia, não posso exprimir juízos.
Em 2.º lugar: hu lu: dormir, respirando profundamente (ressonar?) – China.
A terceira palavra seleccionada foi volongoto: caótico; língua africana de uma região do Uganda.
Quarto lugar: oppholdsvaer: a luz do dia depois da chuva; Noruega.
Chega-se à 5.ª classificada: madala: graças a Deus; língua africana Hausa.
Em 6.º lugar: saudade: traduziram apenas como nostalgia; BRASIL (!?)
Aqui, fiquei ligeiramente perplexa, mas pensei que, provavelmente, houve muitos participantes brasileiros, e passe a incorrecção.
Porém, continuando a leitura, o jornalista salienta que a “palavra espanhola caracol" (face de carvão), enviada por muitos argentinos, poderia ter entrado nos primeiros lugares.
A este ponto, a minha perplexidade cresceu e começou a azedar-se. Se caracol (enviada por argentinos) faz parte da língua espanhola – língua que se fala na Argentina - surge uma pergunta muito legítima: que língua se fala no Brasil?
Ademais, o lindo termo saudade é qualquer neologismo tipicamente brasileiro ou é património do vernáculo português?
Uso a expressão “património do vernáculo português” que difere um pouco de “património da língua que se fala em Portugal e no Brasil”.
Kulturaustausch, como revista literária, pode ser excelente; como permuta de culturas (conforme o significado do próprio título), seria aconselhável que fosse menos desenvolta, quando indica a língua de origem das palavras eleitas.
Se, pelo contrário, o deslize foi do autor da reportagem – Marco Ansaldo - de La Repubblica, não me surpreende. Nos jornais italianos, relativamente ao nosso País, são useiras e vezeiras estas falhas.
Às vezes sonho que temos um corpo diplomático, em Roma, muito atento a certas incorrecções sobre Portugal. Não passa de sonho.
Embora este caso que hoje comento seja uma questão de lana-caprina, outros há que, por ignorância ou superficialidade, nos diminuem.
Mas os Senhores Diplomatas têm programas sociais que lhes não deixam tempo para dedicar atenção às demais causas; ao fim e ao cabo, trata-se de insignificâncias!...
Paro o prestígio e bom nome de um país, todavia, também concorrem as insignificâncias.
A auto-estima, a nível quase zero, da parte de cá; do outro lado, indiferença: não haverá modo de abanar violentamente a passividade destes lusitanos acomodados e xenófilos sem brio?
Referindo-me ainda à votação da palavra do ano 2007, no sétimo lugar colocaram PEREKOTIPOLE: o corredor do deserto; Ucrânia.
Parece-me que SAUDADE merecia o primeiro lugar: pela complexidade e beleza do significado; pela intensidade poética; pela suavidade do som; por ser palavra intraduzível - aliás, esta também era uma característica necessária para a selecção das palavras. Mas isto é uma opinião muito de parte, claro está!
Saudade sintetiza todos os requisitos, mas ganhou Yakamoz, e talvez acertadamente. Como se pronunciará?
****
Últimas horas do fim de 2007: que decorram alegres.
Amanhã, primeiro dia de 2008: que se anuncie esplêndido, mesmo com chuva e vento, e que continue com dias positivos até 31 de Dezembro, se não é pedir de mais.
Alda M. Maia
2 Comments:
Posso ser má? :(
A comunidade turca na alemanha, é gigante.... acho que lhes convinha que ganhasse essa... os turcos compram muito e já votam...
... mas isto sou só eu a ser má...
Gostei do blog! :)
Também lhe digo aqui obrigada - isto para não fugir ao meu hábito.
Alda
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