segunda-feira, setembro 12, 2005

ARREMEDOS DE DEMOCRACIA

Quanto se usa e abusa da palavra democracia! E quanto se esvazia este vocábulo do que verdadeiramente significa! Ou, melhor: quanto incompleta, deturpada e levianamente se exerce a prática democrática!

Amiúde – talvez por qualquer associação de ideias – recordo-me da frase que, infalivelmente, os ex-regimes comunistas, antes da queda do muro de Berlim, inseriam nos discursos solenes: “Nós, países amantes da paz.”
Palavras ocas, obviamente.

Para que democracia não me soe como uma palavra oca, sempre entendi que o exercício da democracia, a verdadeira democracia, deveria alicerçar-se num conjunto de instituições que se contrabalançam. Sempre entendi que a ética deveria ser uma parte integrante da democracia. Sempre entendi que, sem estes dois fortes esteios, a democracia serve apenas para cobrir muita indecência na administração da coisa pública.
Obtém-se a maioria, tem-se mão livre, sobretudo a nível local, para ocupar o poder e satisfazer vaidades, interesses próprios ou dos compadres. Despudoradamente! È isto democracia?

Também sempre entendi que a democracia deveria preocupar-se em informar e formar uma consciência cívica no povo que administra.

Observando o nosso País, fico desolada com a persistente falta de ética, de civismo e de empenho democrático. Esta gente sabe, conscientemente, do poder que tem com o voto na mão e da responsabilidade que lhe cabe quando decide por quem votar?

As nossas instituições, as que deveriam intervir, alguma vez pensaram num inquérito rigoroso ao que se passa na Madeira? Qual a razão de tanta condescendência e surdez?

Já algum deputado pensou em apresentar uma proposta de lei que ponha travão, com equidade, a candidaturas de personagens com problemas judiciais?
Felgueiras, Amarante, etc., nada disto sugere iniciativas no Parlamento? Mas os senhores deputados, de que se ocupam? Em diatribes académicas para justificar o ordenado?
Temos uma democracia normal ou um arremedo?
Alda Maia