segunda-feira, janeiro 18, 2016

PAGARÁ O JUSTO PELO PECADOR?

Já se atenuou o clamor sobre o caso de centenas de larápios e molestadores de mulheres, estes em maior número, que entraram em acção durante a passagem de ano na Alemanha; porém, com inaudita insistência na cidade de Colónia.

Identificados como de origem árabe e norte-africana, o pensamento voou para a enorme onda de refugiados que, desesperados, afluem à Europa.
Oxalá não haja generalizações e pague a maioria dos justos pela minoria dos brutos transgressores. Estes jamais varreram do cérebro preconceitos e tradições nas quais a mulher é apenas considerada como um ente de reprodução, de prazer ou mercadoria de troca e venda.

E partindo desta realidade, explodiram os artigos de opinião que exprimiam indignação, ofensa pelos direitos ultrajados, exalçando o respeito pela mulher.
Os primeiros que li não concediam atenuantes. Exprobravam, sem reticências, culturas inadmissíveis nas democracias ocidentais. Certamente que lhes assiste alguma razão.

Maurizio Molinari, director do jornal La Stampa e bom conhecedor do mundo árabe, a propósito da implosão dos Estados árabes e norte-africanos, escreve num seu editorial de 10/01/2016:
(…) As tribos são protagonistas do deserto e da antiguidade. Dos seus costumes ancestrais originam-se o chador para as mulheres, a decapitação dos inimigos, a vingança como projecção de força, o saque para enriquecer-se, a poligamia e o poder absoluto dos homens sobre as mulheres.
(…) É o declínio do nacionalismo árabe que impele indivíduos e famílias e reencontrar, nas origens tribais, a própria identidade. É um processo de importância histórica que se acelera, com consequências imprevisíveis, na África do Norte e Médio Oriente.
Os Estados árabes/muçulmanos são as primeiras vítimas deste processo. Lacerados por um confronto interno entre modernidade e tribalismo, é um conflito de civilização.
A Europa vê-se envolvida por causa das imigrações de massa. Entre quem chega, há portadores de usos e costumes que provêm das lutas atávicas por poços de água, mulheres e rebanhos. As consequências vêem-se nas crónicas destes dias: abusos de massa em Colónia ao grito de «Allah hu-Akbar»”. Não se trata da maioria dos imigrados, mas de uma minoria em grau de abalar a segurança colectiva. Daqui, a necessidade de uma rígida aplicação da lei, graças a um entendimento entre os cidadãos e as forças de segurança, a fim de defender a Europa do regresso das tribos”. 

 Certamente que há diferenças culturais que devemos compreender, mas nunca abdicando das leis e princípios que nos regem e às quais todos, impreterivelmente, devem obedecer. Saibamos inculcar o absoluto respeito por estes valores  nas pessoas de culturas diferentes que buscam abrigo na Europa. 
Posto isto, pergunto: mas será que, no Ocidente, o machismo terá sido perfeitamente iluminado e vários preconceitos sobre as mulheres tenham desaparecido irreversivelmente? Não acredito.
Um único exemplo: como se justificam tantas desigualdades de género, em múltiplas actividades onde as competências se equivalem?

Vejamos, em seguida, o “código de comportamento feminino” aconselhado pela Presidente da Câmara de Colónia, a Senhora Henriette Reker, respondendo à pergunta de uma jornalista sobre o modo de uma mulher se proteger. Diz a Senhora:
"Manter-se à distância de um braço dos estrangeiros".  
"Estar sempre em pequenos grupos, não separar-se, mesmo quando se tem vontade de fazer festa”.
"Não tentar, de própria iniciativa, aproximar-se de pessoas que não se conhece ou com as quais não se tem uma boa relação".

Muito esclarecedor. Antes de condenar, sem ses e sem mas, agressões ou moléstias sexuais de brutos (no pior sentido da palavra), é a mulher que, vítima predestinada, se deve pôr à distância, e na companhia de outrem! Esqueceu-se da recomendação clássica: evitar um vestuário  provocante.

Houve o Iluminismo, evoluímos, estamos no século XXI, em 1948 desabrochou a feliz e permanente “Declaração Universal dos Direitos do Homem”, mas uma boa percentagem da humanidade, neste nosso Ocidente, ainda têm um cérebro onde as teias de aranha nunca foram decisivamente expulsas. É-lhes difícil aceitar a independência e direitos da mulher; a independência, então, é intragável.
Talvez esses cérebros aranhentos tenham interpretado à letra a última palavra na “Declaração Universal dos Direitos do Homem”: É só para homens, valha-nos Deus! Que entram as mulheres nisto?