PAGARÁ O JUSTO PELO
PECADOR?
Já se atenuou o
clamor sobre o caso de centenas de larápios e molestadores de mulheres, estes
em maior número, que entraram em acção durante a passagem de ano na Alemanha; porém,
com inaudita insistência na cidade de Colónia.
Identificados como de
origem árabe e norte-africana, o pensamento voou para a enorme onda de refugiados
que, desesperados, afluem à Europa.
Oxalá não haja
generalizações e pague a maioria dos justos pela minoria dos brutos transgressores.
Estes jamais varreram do cérebro preconceitos e tradições nas quais a mulher é
apenas considerada como um ente de reprodução, de prazer ou mercadoria de troca e
venda.
E partindo desta realidade,
explodiram os artigos de opinião que exprimiam indignação, ofensa pelos direitos
ultrajados, exalçando o respeito pela mulher.
Os primeiros que li
não concediam atenuantes. Exprobravam, sem reticências, culturas inadmissíveis
nas democracias ocidentais. Certamente que lhes assiste alguma razão.
Maurizio Molinari,
director do jornal La Stampa e bom conhecedor do mundo árabe, a propósito da
implosão dos Estados árabes e norte-africanos, escreve num seu editorial de
10/01/2016:
(…) As tribos são protagonistas do deserto e da
antiguidade. Dos seus costumes ancestrais originam-se o chador para as
mulheres, a decapitação dos inimigos, a vingança como projecção de força, o
saque para enriquecer-se, a poligamia e o poder absoluto dos homens sobre as
mulheres.
(…)
É o declínio do nacionalismo árabe que impele indivíduos e famílias e
reencontrar, nas origens tribais, a própria identidade. É um processo de
importância histórica que se acelera, com consequências imprevisíveis, na
África do Norte e Médio Oriente.
Os
Estados árabes/muçulmanos são as primeiras vítimas deste processo. Lacerados
por um confronto interno entre modernidade e tribalismo, é um conflito de
civilização.
A
Europa vê-se envolvida por causa das imigrações de massa. Entre quem chega, há
portadores de usos e costumes que provêm das lutas atávicas por poços de água,
mulheres e rebanhos. As consequências vêem-se nas crónicas destes dias: abusos
de massa em Colónia ao grito de «Allah hu-Akbar»”. Não se trata da maioria dos
imigrados, mas de uma minoria em grau de abalar a segurança colectiva. Daqui, a
necessidade de uma rígida aplicação da lei, graças a um entendimento entre os
cidadãos e as forças de segurança, a fim de defender a Europa do regresso das
tribos”.
Certamente que há diferenças culturais que
devemos compreender, mas nunca abdicando das leis e princípios que nos regem e às quais todos, impreterivelmente, devem obedecer. Saibamos inculcar o absoluto respeito por estes
valores nas pessoas de culturas diferentes que buscam abrigo na Europa.
Posto isto, pergunto:
mas será que, no Ocidente, o machismo terá sido perfeitamente iluminado e vários preconceitos sobre as mulheres tenham desaparecido irreversivelmente? Não
acredito.
Um único exemplo: como
se justificam tantas desigualdades de género, em múltiplas actividades onde as
competências se equivalem?
Vejamos, em seguida, o “código
de comportamento feminino” aconselhado pela Presidente da Câmara de Colónia, a
Senhora Henriette Reker, respondendo à pergunta de uma jornalista sobre o modo
de uma mulher se proteger. Diz a Senhora:
"Manter-se
à distância de um braço dos estrangeiros".
"Estar
sempre em pequenos grupos, não separar-se, mesmo quando se tem vontade de fazer
festa”.
"Não
tentar, de própria iniciativa, aproximar-se de pessoas que não se conhece ou
com as quais não se tem uma boa relação".
Muito esclarecedor.
Antes de condenar, sem ses e sem mas, agressões ou moléstias sexuais de
brutos (no pior sentido da palavra), é a mulher que, vítima predestinada, se
deve pôr à distância, e na companhia de outrem! Esqueceu-se da recomendação clássica: evitar um vestuário provocante.
Houve o Iluminismo,
evoluímos, estamos no século XXI, em 1948 desabrochou a feliz e permanente “Declaração Universal dos Direitos do
Homem”, mas uma boa percentagem da humanidade, neste nosso Ocidente, ainda têm um cérebro onde
as teias de aranha nunca foram decisivamente expulsas. É-lhes difícil aceitar a
independência e direitos da mulher; a independência, então, é intragável.
Talvez esses cérebros
aranhentos tenham interpretado à letra a última palavra na “Declaração
Universal dos Direitos do Homem”: É
só para homens, valha-nos Deus! Que entram as mulheres nisto?
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