E MAIS UMA VEZ,
O DOMÍNIO DA AMARGURA
O domínio de uma amargura inesperada,
amargura do que foi inevitável. A emoção docemente se intensificou quando li, neste triste final de Janeiro, no site facebook da “Tuna Universitária do Minho”, o
seguinte:
“Hoje
é um dia muito triste para a Tuna Universitária do Minho. É com enorme pesar
que perdemos um dos nossos.
Um
amigo que nos acolheu, acarinhou e a quem a Tuna trata carinhosamente por Maestro
e Tuno Honorário, Armindo Maia.
Dele
recebemos, entre outros, “Capas Negras”, “Despedida”, “Ilusões”, “Recordando” e
“Risos de Estudante”.
A
Tuna Universitária do Minho apresenta os pêsames e partilha a dor com toda a
sua família”…
Conheço todas as
composições musicais que citaram, criadas por Armindo Maia. E aquele "gosto amargo dos infelizes", a que Garrett chama saudades, apresentou-se imediatamente com mil perguntas lançadas para o vazio. Veio-me então à memória um soneto de Antero de Quental.
Os que amei, onde
estão? Idos, dispersos,
Arrastados no giro
dos tufões,
Levados, como em
sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos
universos…
E eu mesmo, com os
pés também imersos
Na corrente e à mercê
dos turbilhões,
Só veja espuma lívida,
em cachões,
E entre ela, aqui e
ali, vultos submersos…
Mas se paro por um
momento, se consigo
Fechar os olhos,
sinto-os a meu lado
De novo, esses que
amei vivem comigo,
Vejo-os, ouço-os e
ouvem-me também,
Juntos no antigo
amor, no amor sagrado,
Na comunhão ideal do
eterno Bem.
(Antero de Quental – Sonetos)
**************
Não estava com
disposição para escrever o que quer que fosse. Mas as horas dilataram-se para
mais acrescer tristezas. Estou habituada a lutar contra esta malditas que
ninguém solicita, ocupando o cérebro com algo que as suspenda. Encontrei estas “armas”, embora por breve tempo.
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