segunda-feira, outubro 15, 2012

A SÍNDROME DE PAS


                           Leonardo transportado fora da escola 
                      
Mas o que será esta síndrome PAS?
Para circunstâncias ou fenómenos que por vezes são bem explicáveis, óbvios, há sempre quem engendre uma síndrome que os enquadra e classifica. E assim se chegou à síndrome PAS: Parental Alienation Syndrom (Síndrome de Alienação Parental) que se sintetiza facilmente:
Uma criança filha de pais separados, confiada a um deles (pai ou mãe), usada como arma de vingança de um cônjuge contra o outro, sofre de alienação parental, pois recusa-se a ver ou visitar um dos pais com quem não convive. Alienado pelo alienante que o manipula.

Trata-se de uma “doença” que, segundo várias opiniões idóneas, “é praticamente desconhecida em medicina, ausente dos livros de texto, nunca comprovada nem demonstrada”. Inventou-a um americano, Richard A. Gardner, também conhecido por ter expresso opiniões apologéticas da pedofilia.
Chamar "doença" à infelicidade de uma criança, vítima da irracionalidade ou desaire dos pais e classificá-la como uma síndrome, as perplexidades são muitas.

Este prâmbulo serve para introduzir a descrição de um episódio, verdadeiramente chocante, que ocorreu a semana passada numa escola dos arredores de Pádua. 
Foi filmado e todo o país ficou horrorizado com o que viu na televisão e leu o que os jornais descreveram.

Um rapazinho de 10 anos, Leonardo, filho de pais separados (quando tinha apenas dois anos), foi confiado à mãe. A guerra entre os cônjuges rebentou, porque a criança recusava-se a passar com o pai o tempo que fora estabelecido.
Nesta “guerrilha” desde 2006, em Julho passado o Tribunal de Menores de segunda instância determinou que o pequeno deveria ser entregue ao pai, culpando a mãe da relutância da criança em relação à figura paterna. Antes, porém, o Leonardo teria de permanecer numa casa-família até que os seus sentimentos de hostilidade se reorganizassem – a “decantação dos sentimentos do filho”, conforme se expressou o pai do Leonardo, um ilustre advogado!...  

A mãe e relativos familiares esforçaram-se por criar obstáculos, a fim de reter o filho. Este, por sua vez, quando pressentia que vinham executar a ordem do tribunal, refugiava-se debaixo da cama, agarrando-se à rede. A polícia ou carabineiros, acompanhados pela assistente social, viam as mãozinhas do menino, viravam costas e iam-se embora, pois faltava-lhes a coragem para arrebatá-lo do seu ambiente e afectos.

À terceira intervenção, decidiu-se enviar a polícia, acompanhada pelo pai, à escola frequentada pelo Leonardo e, aí, executar a sentença.
A directora da escola mandou sair da aula todas as outras crianças, excepto o infeliz menino. Intervieram da uma maneira onde predominou o autoritarismo e a directora nada pode fazer.
Levaram-no, ele rebelou-se, gritou, esperneou e, com o auxílio do pai, agarraram-no pelos braços e pernas, arrastaram-no e lá conseguiram metê-lo no automóvel - ver foto. Aquela “coisa” deveria ser entregue, segundo as ordens, embora o tribunal tivesse recomendado que tudo fosse feito com a máxima discrição.
A direcção da escola procurou evitar que os alunos assistissem ao que se passava, mas estes viram perfeitamente o Leonardo a ser “capturado” e afastado da sua escola.
Abstenho-me de expressar comentários, tão absurdo me parece tudo o que aconteceu, embora seja corrente o maldito hábito de cônjuges separados servirem-se dos filhos para retaliações mesquinhas e cruéis.

Com acima explico, o vídeo desta cena foi projectado repetidas vezes. A onda de choque foi enorme; o Governo pediu desculpa, assim como o chefe da polícia; decorrem inquéritos.
E o Leonardo? Descrito como bom aluna a matemática, italiano e geografia, brinca com os seus novos companheiros, receia os adultos e refugia-se na escrita.
Eis o resumo de uma sua composição: “A oliveira é uma árvore que nunca perde as folhas, mas quando chegou o frio, achou-se diversa. As outras perdiam as folhas e ela sempre verde e frondosa. Sentia-se só. Decidiu sacudi-las. Foi uma escolha corajosa, mas que a não ajudou. Ajudou-a uma árvore pequena que foi plantada ao lado. No início não se entendiam, mas falando, falando, com o tempo tornaram-se amigos e assim superaram o Outono”.

Penso que será Leonardo a superar a obtusidade e cegueira dos pais, a rudeza de quem executa mandados, a parvoíce de certas leis. E que Deus o ajude a erguer este monumento ao bom senso.