E POR CULPA DE UMA CONSTIPAÇÃO…
Apetecer-me-ia conversar sobre tantos assuntos, mas por culpa de uma constipação que pesa toneladas e não há forma de me deixar em paz, a uma semana das eleições italianas, vejo-me desviada para um único tema: dizer mal de Berlusconi.
É obsessiva esta minha antipatia. Aliás, pensava ter relegado este “aventuroso populista da política italiana” para os fundos do quintal, qual elemento inservível para uma política decente. Mas é impossível.
Ei-lo, de novo, em campanha eleitoral com os característicos insultos aos adversários e as sólitas jactâncias despudoradas; as insuportáveis ofensas às instituições, pois, segundo a sua exígua cultura neste sentido, todas estão nas mãos da “sshinistra” (esquerda) e, portanto, contra a sua ilustre pessoa, ele, um dos grandes da política europeia!...
Não duvida por um só instante que será matematicamente eleito. Assim, começou já a interpretar o papel de primeiro-ministro.
"Merkel, Sarkozy, Berlusconi serão os três máximos líderes que guiarão a Europa".
Esfreguei os olhos para ter a certeza que estava a ler correctamente esta asserção do Berlusca, num encontro com os embaixadores dos países da EU.
Estava a ler bem!
“Hoje, já não há grandes figuras na Europa como Chirac e Blair. Os líderes do futuro serão: eu, a Merkel e Sarkozy. Juntos, poderemos criar aquele clube que fez grande o Velho Continente”.
“Estive com Putin, Bush, trabalhei para aproximação da Nato à Rússia” … e por aí adiante.
****
Se calhar, ganhará mesmo as eleições.
Num editorial de Eugénio Scalfari em La Repubblica, da semana passada, escrevendo sobre as performances políticas de Berlusconi, contava o seguinte episódio: um celebérrimo artista de teatro de revista (Ettore Petrolini, 1884/1936), no fim da interpretação de um seu cavalo de batalha, foi mimoseado com um fortíssimo assobio da parte de um espectador do “galinheiro”. O artista aproximou-se da margem do palco e disse ao contestador: não estou aborrecido consigo. Estou irritado, isso sim, com quem está perto do senhor e não o atirou pela borda fora.
Voltemos a Sílvio Berlusconi. Se o votarem e lhe derem a maioria é porque não quiseram, metaforicamente, atirá-lo pela borda fora.
Isto é democracia, há que respeitar as regras democráticas.
Umberto Eco, numa entrevista a um jornal espanhol, afirmou: se ele ganhar, têm o que merecem.
Não merecem, não, senhor. Mereceriam melhor.
O jornal The Economist continua a sustentar que Berlusconi é “unfit”, inadequado para governar a Itália: “Aos italianos pede-se-lhes para votar por alguém que é pura e simplesmente inadequado para governar uma democracia moderna”.
Apetecer-me-ia conversar sobre tantos assuntos, mas por culpa de uma constipação que pesa toneladas e não há forma de me deixar em paz, a uma semana das eleições italianas, vejo-me desviada para um único tema: dizer mal de Berlusconi.
É obsessiva esta minha antipatia. Aliás, pensava ter relegado este “aventuroso populista da política italiana” para os fundos do quintal, qual elemento inservível para uma política decente. Mas é impossível.
Ei-lo, de novo, em campanha eleitoral com os característicos insultos aos adversários e as sólitas jactâncias despudoradas; as insuportáveis ofensas às instituições, pois, segundo a sua exígua cultura neste sentido, todas estão nas mãos da “sshinistra” (esquerda) e, portanto, contra a sua ilustre pessoa, ele, um dos grandes da política europeia!...
Não duvida por um só instante que será matematicamente eleito. Assim, começou já a interpretar o papel de primeiro-ministro.
"Merkel, Sarkozy, Berlusconi serão os três máximos líderes que guiarão a Europa".
Esfreguei os olhos para ter a certeza que estava a ler correctamente esta asserção do Berlusca, num encontro com os embaixadores dos países da EU.
Estava a ler bem!
“Hoje, já não há grandes figuras na Europa como Chirac e Blair. Os líderes do futuro serão: eu, a Merkel e Sarkozy. Juntos, poderemos criar aquele clube que fez grande o Velho Continente”.
“Estive com Putin, Bush, trabalhei para aproximação da Nato à Rússia” … e por aí adiante.
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Se calhar, ganhará mesmo as eleições.
Num editorial de Eugénio Scalfari em La Repubblica, da semana passada, escrevendo sobre as performances políticas de Berlusconi, contava o seguinte episódio: um celebérrimo artista de teatro de revista (Ettore Petrolini, 1884/1936), no fim da interpretação de um seu cavalo de batalha, foi mimoseado com um fortíssimo assobio da parte de um espectador do “galinheiro”. O artista aproximou-se da margem do palco e disse ao contestador: não estou aborrecido consigo. Estou irritado, isso sim, com quem está perto do senhor e não o atirou pela borda fora.
Voltemos a Sílvio Berlusconi. Se o votarem e lhe derem a maioria é porque não quiseram, metaforicamente, atirá-lo pela borda fora.
Isto é democracia, há que respeitar as regras democráticas.
Umberto Eco, numa entrevista a um jornal espanhol, afirmou: se ele ganhar, têm o que merecem.
Não merecem, não, senhor. Mereceriam melhor.
O jornal The Economist continua a sustentar que Berlusconi é “unfit”, inadequado para governar a Itália: “Aos italianos pede-se-lhes para votar por alguém que é pura e simplesmente inadequado para governar uma democracia moderna”.
The Economist é escassamente lido na Itália
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O meu voto já devia ter chegado à Embaixada Italiana.
Por quem votei? Não se pode dizer. O voto é secreto
Alda M. Maia
O meu voto já devia ter chegado à Embaixada Italiana.
Por quem votei? Não se pode dizer. O voto é secreto
Alda M. Maia
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