domingo, fevereiro 17, 2008

ANTI-SIONISMO: VERSÃO MODERNA DO ANTI-SEMITISMO

Nunca pude compreender, desde sempre, quais razões éticas, morais, sociais, históricas, religiosas, científicas possam explicar, racional e humanamente – e sem jamais cair nos clichés que o tempo consagrou - a pesada herança do anti-semitismo, dificílima de anular, e os crimes a que deu origem.

Quando leio as explicações ou argumentações que justificam os ataques à existência do Estado de Israel, não sei se classificar estas correntes de opinião estúpidas ou indicadoras de uma má-fé que conduz, em perfeita linha recta, ao anti-semitismo milenário, por muito que digam o contrário.

Bem apregoam que nada têm que ver com sentimentos anti-semitas: é contra o sionismo, "nazi e opressor dos palestinianos"; é contra a existência de um "Estado aberrante e usurpador" que estas almas cândidas protestam.

Não condenam ou protestam – o que seria justo - contra as acções de um governo ou de uma política hebraica com a qual se não concorda: é simplesmente o povo de Israel que as incomoda.

Se assim não fosse, não se esqueceriam que a razão nunca pode estar só de um lado. Não deixariam de observar que os dois povos são vítimas de duas realidades bem claras: os palestinianos, vítimas de extremistas, fundamentalistas, profissionais da violência pela violência, que tudo movimentam – bem apoiados por países fomentadores de ódios – e a quem a paz nada interessa, mas somente a destruição de Israel; os israelianos, vítimas da síndrome do aniquilamento e, consequentemente, do olho por olho, dente por dente.

Mas repito, observar o drama do Médio-Oriente com objectividade não interessa muito a atavismos bem escondidos no subconsciente.

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Feiro do Livro na cidade de Turim.
É uma feira internacional de grande prestígio. Realiza-se no mês de Maio.
Este ano, Israel foi convidado como hóspede de honra, exactamente como o foram outros países, alguns deles árabes, nos anos transactos.
No próximo ano será o Egipto.

Por tal motivo, começaram alguns palestinianos a protestar, entre os quais o escritor Ibrahim Nasrallah. Juntou-se-lhes a associação dos escritores jordanos e a Liga dos Escritores Árabes, na Síria. Continuou o intelectual suíço de origem egípcia, Tariq Ramadan, que lança um apelo para um total boicote - o Sr. Ramadan nunca perde ocasião de saltar para um palco onde haja grande assistência e intensa espectacularidade.

Ao fim e ao cabo, nada de anormal: que Israel seja convidado especial, e precisamente no sexagésimo aniversário da sua existência, é circunstância que não perdoam. São manifestações negativas que não surpreendem.

Surpreende, sim, tornando-se mesmo fastidiosos, a intolerância e fundamentalismo político da esquerda radical italiana (PRC e PDCI): decidiu proclamar um solene e rumoroso protesto contra o Estado Hebraico e pretendeu que os organizadores anulassem o convite a Israel.
Não o anulando, deveriam alterar o programa e formular igual convite aos palestinianos. Ameaçaram manifestações no dia da abertura e apoiam o apelo a favor do boicote.
Não é admissível – segundo estes radicais – comemorar a existência de um estado abusivo

Nesta polémica, não omitiram nenhum dos argumentos anti-sionistas conhecidos. Aliás, muito própria destas esquerdas que nunca se habituaram a raciocinar com o próprio cérebro. Apenas sabem gritar o que faz parte da cartilha ideológica: um cego antiamericanismo e, como normal consequência, um feroz anti-sionismo.

Não lhes passa pela cabeça que uma feira do livro celebra e dá visibilidade aos intelectuais de um país, seja ele qual for; nada mais.

Não lhes passa pela cabeça que uma manifestação cultural, e sobretudo quando se discutem obras literárias, é onde as ideias e temas que tocam situações dramáticas podem ter ocasião de serem tratados e debatidos com um espírito intelectualmente livre de ódios e preconceitos nefastos.

Não lhes passa pela cabeça, ou ignoram – o que é mais certo – que, em Israel, são os intelectuais, são os grandes escritores os mais severos críticos da política errada do próprio governo.
Que a maior parte dos habitantes de Israel deseja a paz, exactamente como da parte palestiniana.
Não, isto não faz parte das ideias preconcebidas que os leva a agitar bandeiras.

Concomitantemente, num blogue anónimo, apareceu uma lista negra com o nome completo de 162 professores universitários judeus de diversas universidades italianas, acusados de “fazerem parte do lobby judaico, espiões ao serviço de Israel”.
Parte destes catedráticos não são judeus, mas dizem eles que se sentem muito honrados de figurarem nessa lista.
Como é óbvio, os textos desse blogue estão em perfeita sintonia com a propaganda mais nojenta do anti-semitismo.

Houve grande indignação, o blogue foi obscurecido e as autoridades iniciaram rigorosas investigações para descobrir a identidade do autor ou autores. Parece que já o identificaram e agora estudam qual ou quais os crimes que devem imputar-lhe.
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Bento XVI decidiu voltar atrás 43 anos.
Anulou inovações do Concílio Vaticano II e reformulou a oração da Sexta-feira Santa: “Oremos também pelos judeus a fim que Deus, Nosso Senhor, ilumine os seus corações e reconheçam Jesus Cristo Salvador de todos os homens”.
Lá se foi por água abaixo o esforço de João XXIII que dizia: “Esta Igreja deve renovar-se; a liturgia está ultrapassada e tornou-se insuportável”!

A Comunidade Judaica, indignada, suspendeu todos os contactos de boas relações com as Hierarquias Católicas.

João Paulo II chamava-lhes “Os nossos irmãos mais velhos”; Papa Ratzinger, fiel a um catecismo primordial, quer convertê-los.
E as gafes prosseguem!
Alda M. Maia

2 Comments:

At 10:50 da manhã, Blogger Donagata said...

Concordo inteiramente com o seu poste. É um recuo a raiar , passe o exagero, o medievo.

 
At 10:41 da tarde, Blogger Alda M. Maia said...

É sempre um grande prazer quando nos lêem e concordam com o que escrevemos.
Obrigada.
Alda

 

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