domingo, março 23, 2008

ONTEM NA BIRMÂNIA
HOJE NO TIBETE
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Embora negada por Pequim, a violenta repressão dos manifestantes e dos monges tibetanos é ilustrada por uma série de fotos enviadas para o Ocidente pelos tibetanos dissidentes. São fotos particularmente cruas e violentas e foram enviadas do mosteiro de Kirti para o Free Tibet Campaign

As fotos foram tiradas em 16 de Março passado, na província autónoma tibetana de Amdo – actualmente, parte da província setentrional chinesa de Sichuan.
Segundo Free Tibet Campaign, o massacre iniciou quando os religiosos do mosteiro de Kirti gritaram slogans a favor do “Tibete livre” e do Dalai Lama.
Aos monges juntaram-se 400 religiosas budistas e estudantes da escola tibetana local.
A polícia chinesa, que controlava o mosteiro desde o início dos protestos (10 de Março), abriu o fogo contra a multidão. Segundo os dados do governo tibetano no exílio, cerca de 20.000 tibetanos de Sichuan protestaram em sinal de solidariedade com os monges tibetanos. Das 20 vítimas acertadas, nove foram identificadas: entre estas, rapazes de 15 e 17 anos -
http://www.asianews.it/

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O governo chinês pretende, exige que o Dalai Lama reconheça o Tibete como parte integrante da China, que sempre foi parte integrante da China!
A força bruta a impor as suas “verdades”: se estas não são aceitas pelo mais débil, é seu destino ser esmagado.
O Dalai Lama não reclama a independência; apenas deseja uma autonomia que respeite a cultura e a etnia tibetanas.

Achei belíssima a entrevista ao jornal italiano (L'Unità) de Elie Wiesel, prémio Nobel da Paz, promotor de um apelo a favor do Tibete, apelo já subscrito por outros 25 prémios Nobel.

Traduzo a parte final.

(…) O Tibete é uma tragédia. A tragédia de um povo pacífico que nunca foi impulsionado por propósitos de conquista. Um povo que nunca cultivou desígnios de grandeza ou miras expansionistas.
É a tragédia de um povo cuja única escopo é a conquista da alma, a conquista de uma liberdade interior: a força interior para atingir o absoluto.
Mas é precisamente isto que assusta!
Se eu, hoje, pudesse dirigir-me ao povo chinês e respectivos dirigentes políticos, dir-lhes-ia que, conceder a liberdade religiosa ao Tibete, seria uma demonstração de força e não uma cedência. Desta liberdade, o Tibete não abusaria nem a volveria contra os interesses chineses.
Dir-lhes-ia que, hoje, sois um grande império – acima de dois mil milhões de pessoas – e não tendes necessidade de dominar o pequeno Tibete.
O Tibete não é uma potência nuclear; não pode, certamente, conquistar a China.
A riqueza dos seus recursos existe no grande reservatório de conhecimentos: um profundo conhecimento místico. Por este motivo, o pequeno, grande Tibete é um património da humanidade: a preservar e defender.