“ARRIVEDERCI DEMOCRAZIA”
Sempre que vejo as intervenções de Berlusconi na TV ou mesmo qualquer reportagem sobre aquela personagem, não consigo dominar a repulsa e antipatia. De antemão, sei já que o ouvirei mentir com toda a naturalidade e vangloriar-se despudoradamente. E então apresenta-se-me sempre a mesma perplexidade: como foi possível eleger este homem primeiro-ministro!
Como é que há italianos que o votam, sobretudo depois das leis indecentes, a seu favor, que fez aprovar no Parlamento! E como é possível confiar nos partidos que formam a sua maioria e que votaram essas leis sem pestanejar e bem alinhadinhos, obedecendo ao patrão!
“ARRIVEDERCI DEMOCRAZIA”, é o título que o jornal La Repubblica (08/01/2006), deu a um artigo de Graham Allison – professor em Harvard Kennedy school of government – publicado em The Los Angeles Time, 2006.
Este artigo refere-se ao facto de a Rússia, proximamente, assumir a presidência do grupo G8 e dois senadores americanos – John McCain, republicano; Joe Lieberman, democrático - apresentarem “uma proposta de lei na qual se solicita, ao presidente Bush, que suspenda a presença da Rússia no G8”. As razões são “os ataques de Putin à democracia e à liberdade política”.
O caso serviu de pretexto ao autor para lançar uma das críticas mais severas que li até hoje sobre o “político” Berlusconi e o seu governo.
Começa por apresentar quatro perguntas – perguntas estas, segundo a minha opinião, que deveriam ser impressas em grandes cartazes e colocados em todas as cidades italianas, a ver se, finalmente, personagens desse género são banidas, irreversivelmente, da vida política.
EIS AS PERGUNTAS DE GRAHAM ALLISON:
1) Pode um Estado, guiado pelo cidadão mais rico e no qual uma parte importante dos empreendimentos privados dependem, em boa medida, dos favores de estado, ser membro do G8?
2) Pode um Estado, cujo líder controla pessoalmente todos os canais televisivos nacionais, apresentar-se com títulos legítimos para tornar-se membro de um clube de democracias?
3) Pode um Estado, cujo líder reescreve as leis para salvar-se a si mesmo e os seus amigos da acusa de corrupção, superar o teste da democracia e do império da lei?
4) Pode um Estado, cujos dirigentes impõem mudanças na Constituição para favorecer o próprio partido nas eleições iminentes, sentar-se à mesma mesa da Grã-Bretanha, França e Estados Unidos da América?
À pergunta n.º 3 eu acrescentaria: não somente reescreve as leis para torpedear e anular os processos nos quais se vê implicado, como cria novas leis para favorecer os seus interesses pessoais.
Franco Cordero – grande jurista e escritor, professor universitário – escreve frequentemente no jornal La Repubblica. O artigo de hoje (“A alegre barbárie sobre a Constituição”) fecha com esta frase: “O berlusconismo é egomania, recusa fóbica das normas, prepotência, fraude, ignorância”.
Em italiano corrente, apetecer-me-ia adicionar: uno schifo! (um nojo)
Alda M. Maia
Sempre que vejo as intervenções de Berlusconi na TV ou mesmo qualquer reportagem sobre aquela personagem, não consigo dominar a repulsa e antipatia. De antemão, sei já que o ouvirei mentir com toda a naturalidade e vangloriar-se despudoradamente. E então apresenta-se-me sempre a mesma perplexidade: como foi possível eleger este homem primeiro-ministro!
Como é que há italianos que o votam, sobretudo depois das leis indecentes, a seu favor, que fez aprovar no Parlamento! E como é possível confiar nos partidos que formam a sua maioria e que votaram essas leis sem pestanejar e bem alinhadinhos, obedecendo ao patrão!
“ARRIVEDERCI DEMOCRAZIA”, é o título que o jornal La Repubblica (08/01/2006), deu a um artigo de Graham Allison – professor em Harvard Kennedy school of government – publicado em The Los Angeles Time, 2006.
Este artigo refere-se ao facto de a Rússia, proximamente, assumir a presidência do grupo G8 e dois senadores americanos – John McCain, republicano; Joe Lieberman, democrático - apresentarem “uma proposta de lei na qual se solicita, ao presidente Bush, que suspenda a presença da Rússia no G8”. As razões são “os ataques de Putin à democracia e à liberdade política”.
O caso serviu de pretexto ao autor para lançar uma das críticas mais severas que li até hoje sobre o “político” Berlusconi e o seu governo.
Começa por apresentar quatro perguntas – perguntas estas, segundo a minha opinião, que deveriam ser impressas em grandes cartazes e colocados em todas as cidades italianas, a ver se, finalmente, personagens desse género são banidas, irreversivelmente, da vida política.
EIS AS PERGUNTAS DE GRAHAM ALLISON:
1) Pode um Estado, guiado pelo cidadão mais rico e no qual uma parte importante dos empreendimentos privados dependem, em boa medida, dos favores de estado, ser membro do G8?
2) Pode um Estado, cujo líder controla pessoalmente todos os canais televisivos nacionais, apresentar-se com títulos legítimos para tornar-se membro de um clube de democracias?
3) Pode um Estado, cujo líder reescreve as leis para salvar-se a si mesmo e os seus amigos da acusa de corrupção, superar o teste da democracia e do império da lei?
4) Pode um Estado, cujos dirigentes impõem mudanças na Constituição para favorecer o próprio partido nas eleições iminentes, sentar-se à mesma mesa da Grã-Bretanha, França e Estados Unidos da América?
À pergunta n.º 3 eu acrescentaria: não somente reescreve as leis para torpedear e anular os processos nos quais se vê implicado, como cria novas leis para favorecer os seus interesses pessoais.
Franco Cordero – grande jurista e escritor, professor universitário – escreve frequentemente no jornal La Repubblica. O artigo de hoje (“A alegre barbárie sobre a Constituição”) fecha com esta frase: “O berlusconismo é egomania, recusa fóbica das normas, prepotência, fraude, ignorância”.
Em italiano corrente, apetecer-me-ia adicionar: uno schifo! (um nojo)
Alda M. Maia
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