ALCIDE DE GASPERI
SÍLVIO BERLUSCONI
A semana passada vi, na RAI, um filme que gostaria fosse adquirido pela nossa TV: «Alcide De Gasperi – O homem da esperança».
Filme em dois episódios e muito fiel à biografia do grande estadista.
Embora já tivesse lido muito acerca deste grande político italiano (e escrevo “grande”, porque o foi, efectivamente), a interpretação do actor que o personificou foi excelente, comoveu e apresentou-me um homem que, praticamente, desconhecia.
Não tendo sido De Gasperi uma figura que empolgou as massas, reviver a sua dignidade e estatura política, a sua firmeza e moderação naquele dificílimo período do pós-guerra, que lição de civismo, de grandeza política, de humildade!
Quando cheguei a Itália em 1962, considerava-me uma autêntica “analfabeta política”: ideias de democracia bastante confusas; uma ignorância crassa de como funcionasse. Sei apenas que sentia uma enorme rebelião dentro de mim; que me irritava profundamente quando ouvia os discursos dos iluminados salazaristas; que por muito tempo, a palavra pátria se me tornou odiosa, tanto nos intoxicaram, nesses tempos, com vocábulos que esvaziaram de sentido.
Do Brasil chegavam-me revistas com páginas e páginas todas negras: visado pela comissão de censura – eis o que se via escrito no fundo da página. Nós, comuns cidadãos portugueses, éramos tratados como minorados intelectuais ou, então, atrasados mentais.
Assim, na Itália, quando pude ler o que muito bem me apetecesse, com que voracidade me lancei na leitura das mais diversas publicações!
Pude conhecer a acção de excelentes políticos. Quero recordar Ugo La Malfa, secretário do partido republicano (PRI). Enquanto foi vivo, sempre votei o seu partido. E votei-o, porque aquele homem, dada a sua estatura moral e ideias políticas, inspirava-me confiança plena. Mas, como ele, havia muitos outros.
E agora, falemos de Berlusconi.
Actualmente, a degradação da classe política, parece-me que é universal. Personalidades medíocres com ideias que se aproximam muito pouco dos interesses dos próprios países. Ou então, mediocremente preparados para resolverem os graves problemas do mundo.
Acerca de Berlusconi, pergunto-me frequentemente: como é possível que, num país cuja democracia está bem consolidada, uma personagem negativa, como Sílvio Berlusconi, adquira tantos votos?!
Como é possível que semelhante extra-terrestre da política tivesse obtido a posição que ocupa na política italiana, com um conflito de interesses desmedido, e ninguém encontrou um travão constitucional a parar-lhe a marcha da ocupação do poder?!
SÍLVIO BERLUSCONI
A semana passada vi, na RAI, um filme que gostaria fosse adquirido pela nossa TV: «Alcide De Gasperi – O homem da esperança».
Filme em dois episódios e muito fiel à biografia do grande estadista.
Embora já tivesse lido muito acerca deste grande político italiano (e escrevo “grande”, porque o foi, efectivamente), a interpretação do actor que o personificou foi excelente, comoveu e apresentou-me um homem que, praticamente, desconhecia.
Não tendo sido De Gasperi uma figura que empolgou as massas, reviver a sua dignidade e estatura política, a sua firmeza e moderação naquele dificílimo período do pós-guerra, que lição de civismo, de grandeza política, de humildade!
Quando cheguei a Itália em 1962, considerava-me uma autêntica “analfabeta política”: ideias de democracia bastante confusas; uma ignorância crassa de como funcionasse. Sei apenas que sentia uma enorme rebelião dentro de mim; que me irritava profundamente quando ouvia os discursos dos iluminados salazaristas; que por muito tempo, a palavra pátria se me tornou odiosa, tanto nos intoxicaram, nesses tempos, com vocábulos que esvaziaram de sentido.
Do Brasil chegavam-me revistas com páginas e páginas todas negras: visado pela comissão de censura – eis o que se via escrito no fundo da página. Nós, comuns cidadãos portugueses, éramos tratados como minorados intelectuais ou, então, atrasados mentais.
Assim, na Itália, quando pude ler o que muito bem me apetecesse, com que voracidade me lancei na leitura das mais diversas publicações!
Pude conhecer a acção de excelentes políticos. Quero recordar Ugo La Malfa, secretário do partido republicano (PRI). Enquanto foi vivo, sempre votei o seu partido. E votei-o, porque aquele homem, dada a sua estatura moral e ideias políticas, inspirava-me confiança plena. Mas, como ele, havia muitos outros.
E agora, falemos de Berlusconi.
Actualmente, a degradação da classe política, parece-me que é universal. Personalidades medíocres com ideias que se aproximam muito pouco dos interesses dos próprios países. Ou então, mediocremente preparados para resolverem os graves problemas do mundo.
Acerca de Berlusconi, pergunto-me frequentemente: como é possível que, num país cuja democracia está bem consolidada, uma personagem negativa, como Sílvio Berlusconi, adquira tantos votos?!
Como é possível que semelhante extra-terrestre da política tivesse obtido a posição que ocupa na política italiana, com um conflito de interesses desmedido, e ninguém encontrou um travão constitucional a parar-lhe a marcha da ocupação do poder?!
Muito mais haveria para escrever sobre este tema, mas fico-me por aqui… por hoje.
Queria somente acrescentar: o filho de Ugo La Malfa – Giorgio La Malfa – é ministro do governo de Berlusconi! Certamente que o pai não merecia esta derrapagem do filho.
Alda Maia
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