UM PRÓSPERO 2012
Precisamente, um 2012 bafejado, medrado, amplamente envolvido pela prosperidade. Nestes auspícios, porém, acrescentemos a coragem e luta cerrada ao conformismo, apatia, catastrofismo, passividade.
Nada cai do céu e, como vimos, esperar numa normal solidariedade entre os povos é índice de superficialidade, se não a ingenuidade de quem se não quer esforçar.
O que sempre me indispôs foi, e continua a ser, esta aceitação, tácita, de que somos um país pequeno, logo, um dos tais países periféricos (periféricos de que coisa?) que deve acomodar-se na sua pequenez, jamais ter assomos de dignidade e esforçar-se por impor, com o trabalho, inventiva e autoconfiança, as potencialidades desta gente lusitana.
Possuímos essas potencialidades e, como cérebros audazes, não somos inferiores aos demais povos europeus. Por que razão não insurgimos contra um cliché já estafado, mas bem arreigado lá fora, e não procuramos revolucionar este país sob o ponto de vista económico, cívico e intelectual?
Como desejaria que o 2012 nos catapultasse neste género de revolução e Portugal, sem lamúrias pelos sacrifícios inevitáveis, mas equânimes, e sem os egoísmos criminosos de quem põe os seus haveres nos paraísos fiscais, conseguisse afastar-se do atoleiro a que fomos conduzidos!
O fado foi proclamado Património imaterial da Humanidade. Não esqueçamos que também temos o fado corridinho; nem tudo são choradeiras ou lamentos.
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Para este novo ano também tenho tantos outros augúrios para distribuir por alguns personagens que se impuseram à atenção geral.
Mas, primeiro, desejo àqueles poucos que me lêem, isto é, os que têm a paciência e boa vontade de me ler, um Novo Ano sereno e ao arrepio da catástrofe económica e financeira que nos vaticinam dia a dia. Sobre este aspecto, que o Novo Ano traga luz e afaste as trevas.
E agora desejaria, por exemplo, que o 2012 destruísse a blindagem em que ficou encerrado o cérebro - e que nem a queda do muro de Berlim abalou - do nosso PCP e dos seus dirigentes.
Exprimo a Jerónimo de Sousa sinceros votos a fim de que consiga desintoxicar a mente de tanto ranço ideológico e inicie a cultivação de pensamentos mais objectivos, equilibrados e reais. Desperte e renove essas ideias!
Foi caricata e imperdoável a atitude negativa do PCP, perante os votos de condolências, na Assembleia da República, pela morte de Vaclav Havel.
Abstenho-me de aludir à manifestação de pesar enviada à Coreia do Norte pela morte do “querido líder”. Se calhar, encobria um modo de lamentar as condições-lager nas quais vive aquele povo infeliz. Mas será verdade? Duvido. Se vivem num país apelidado comunista, como podem os nossos moicanos do PCP pensar que os norte-coreanos não são felizes?
Desejo a Frau nein, Ângela Merkel, que ponha de lado as atitudes de catequista, relativamente aos Estados-membros da UE com elevadas dívidas soberanas. Não queira ensinar virtudes a ninguém. Não tem classe nem carisma para tanto e pode levantar fantasmas que exponham o próprio país a desconfianças e malquerenças. Além disso, e muito mais importante, não destrua a Europa!
Por último, desejaria - quanto desejaria! – que a classe política portuguesa, europeia, mundial varressem as teias de aranha conservadoras ou oportunistas que as paralisam e se decidissem a impor regras ao “far west” que predomina nos mercados financeiros e que estrangulam os países que necessitam de créditos.
É inconcebível que se deva exigir sacrifícios e aumento do PIB apenas para se conseguir pagar as altíssimas taxas de juro! Até onde se poderá chegar?
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