GRAMÁTICA ROCAILLE
Quanto se tem escrito e polemizado sobre a já famosíssima sigla TLEBS!
Quanto se tem escrito e polemizado sobre a já famosíssima sigla TLEBS!
Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário.
Embora tivesse lido grande parte dos artigos publicados, assim como as cartas ao Director do jornal Público, para melhor formar uma opinião, comprei uma gramática com a nova terminologia.
Na capa, em letras garrafais, lê-se: “Saber português hoje”. “Terminologia Linguística Actual”; “3.º Ciclo do Ensino Básico -Ensino Secundário”; “Gramática Pedagógica da Língua Portuguesa”.
As autoras: Luísa Oliveira e Leonor Sardinha.
Quando penso na palavra gramática – refiro-me à gramática de índole didáctica, à gramática normativa – interpreto-a como uma disciplina que ensina as regras que “governam o funcionamento de uma língua”, as normas que ensinam a escrever e falar correctamente. Além da trilogia exigida para o bem falar e escrever: correcção, pureza e clareza, acrescento que também ensina a saber avaliar a beleza de um texto, a distinguir estilos e géneros literários.
O que é que a TLEBS nos traz? Uma espécie de estilo Rocaille (com o sentido negativo que inicialmente atribuíram a este termo) e que não passa, portanto, de uma perfeita salsada: prenhe de petulância, mas completamente virgem no respeito pela actividade docente, sobretudo com alunos do ensino básico.
A Sra. Helena Matos classificou a TLEBS como um compêndio resumido de Linguística. Acertou. Mas não é só isso: é a terminologia mais irracional e inadequada que jamais vi destinada a um ensino claro e acessível da língua portuguesa. Intragável!
Percorri, da primeira página à última, a gramática acima referida. Quando trata a parte dedicada à Morfologia, por exemplo, tive a impressão de ler algumas páginas delirantes - delirantes, se pensarmos que é destinada ao ensino básico !Aliás, essa impressão colhi-a noutros sectores.
Embora tivesse lido grande parte dos artigos publicados, assim como as cartas ao Director do jornal Público, para melhor formar uma opinião, comprei uma gramática com a nova terminologia.
Na capa, em letras garrafais, lê-se: “Saber português hoje”. “Terminologia Linguística Actual”; “3.º Ciclo do Ensino Básico -Ensino Secundário”; “Gramática Pedagógica da Língua Portuguesa”.
As autoras: Luísa Oliveira e Leonor Sardinha.
Quando penso na palavra gramática – refiro-me à gramática de índole didáctica, à gramática normativa – interpreto-a como uma disciplina que ensina as regras que “governam o funcionamento de uma língua”, as normas que ensinam a escrever e falar correctamente. Além da trilogia exigida para o bem falar e escrever: correcção, pureza e clareza, acrescento que também ensina a saber avaliar a beleza de um texto, a distinguir estilos e géneros literários.
O que é que a TLEBS nos traz? Uma espécie de estilo Rocaille (com o sentido negativo que inicialmente atribuíram a este termo) e que não passa, portanto, de uma perfeita salsada: prenhe de petulância, mas completamente virgem no respeito pela actividade docente, sobretudo com alunos do ensino básico.
A Sra. Helena Matos classificou a TLEBS como um compêndio resumido de Linguística. Acertou. Mas não é só isso: é a terminologia mais irracional e inadequada que jamais vi destinada a um ensino claro e acessível da língua portuguesa. Intragável!
Percorri, da primeira página à última, a gramática acima referida. Quando trata a parte dedicada à Morfologia, por exemplo, tive a impressão de ler algumas páginas delirantes - delirantes, se pensarmos que é destinada ao ensino básico !Aliás, essa impressão colhi-a noutros sectores.
Vários destes "delírios" já foram largamente citados na imprensa. Não resisto à tentação, todavia, de aludir à subclasse dos substantivos – perdão, os nomes.
Devo dizer que isto de “nome” em vez de “substantivo” não é modernização nenhuma. Paralelamente ao termo “substantivo” (o que tem substância), usava-se frequentemente a palavra “nome”.
Que ponham de lado o argumento da modernização da língua: no que concerne a nomenclatura gramatical, já tudo foi descoberto. Podem enriquecê-la com úteis achegas dos modernos estudos da ciência linguística, mas não subvertê-la.
Mas voltemos aos nomes. Daqui para o futuro, o aluno, quando deverá classificar morfologicamente a palavra cão, expressar-se-á deste modo: “nome comum, contável, animado, não humano”.
Isto parece-me um ensino para atrasados mentais!
Sempre entendi, quando se explicam regras gramaticais e para que os alunos compreendam a função dos termos próprios de tais regras, que deve haver a preocupação de focar bem o sentido dessas palavras, dissecando-as, decompondo-as e exemplificando. Ora, quem hoje ensina português, sendo forçado a usar esta terminologia mais própria de iniciados da Linguistica, ver-se-á em sérias dificuldades para obter à compreensão dos alunos.
Como se pode fazer-lhes compreender que o sujeito dos verbos impessoais (chover, nevar, etc.) é “nulo expletivo”? Explicando bem o que significa "nulo" e "expletivo", ficar-se-á como o tolo em cima da ponte: se é nulo – igual a zero - como pode ser expletivo?!
Sujeito "nulo subentendido"; sujeito "nulo indeterminado": nestes dois casos, qual é a função do termo "nulo"? Que significado aribuir-lhe, quando as palavras subentendido e indeterminado são bem claras para explicar a ausência de sujeito? O sujeito não é nulo: simplesmente, não está expresso ou é indeterminado.
Como se poderá explicar por que razão o particípio passado regular ou adjectivo verbal é classificado fraco; o irregular, forte? Que loucura é esta?
Como não semear confusão, quando se fala de “quantificadores indefinidos” - esta dos quantificadores!... - e, depois, referindo-se à classe dos pronomes, as mesmas palavras já são “pronomes indefinidos”?
Como se poderá explicar por que razão o particípio passado regular ou adjectivo verbal é classificado fraco; o irregular, forte? Que loucura é esta?
Como não semear confusão, quando se fala de “quantificadores indefinidos” - esta dos quantificadores!... - e, depois, referindo-se à classe dos pronomes, as mesmas palavras já são “pronomes indefinidos”?
Será mesmo uma gramática com objectivo didáctico ou ostentação pedante de sabedoria linguística? Afora essa ostentação, quem pensa no bom, correcto e claro ensino da nossa língua?
Folheei a “Gramática da Língua Portuguesa” de que é co-autora Maria Helena Mira Mateus. Esta Senhora escreveu no jornal Público, 29/11/2006, um artigo tão arrogante quanto insolente contra quem discorda da TLEBS. Aliás, um artigo confusamente articulado e pouco lógico nos exemplos que apresentou.
Quase cedo à tentação de pensar que foi nesta gramática de 1127 páginas que, ao fim e ao cabo, se inspirou a nova terminologia. Está lá tudo!
Nas páginas 443 / 445 desenvolve-se a argumentação que sustém “sujeitos nulos expletivos”. Pelos vistos, o coloquial põe-se no mesmo pé de igualdade de uma linguagem cultivada.
Relativamente à linguagem falada, surpreendeu-me Francisco José Viegas no seu blogue (origemdasespécies.blogspot.com) - “Assim é fácil”, 02/12/2006.
Folheei a “Gramática da Língua Portuguesa” de que é co-autora Maria Helena Mira Mateus. Esta Senhora escreveu no jornal Público, 29/11/2006, um artigo tão arrogante quanto insolente contra quem discorda da TLEBS. Aliás, um artigo confusamente articulado e pouco lógico nos exemplos que apresentou.
Quase cedo à tentação de pensar que foi nesta gramática de 1127 páginas que, ao fim e ao cabo, se inspirou a nova terminologia. Está lá tudo!
Nas páginas 443 / 445 desenvolve-se a argumentação que sustém “sujeitos nulos expletivos”. Pelos vistos, o coloquial põe-se no mesmo pé de igualdade de uma linguagem cultivada.
Relativamente à linguagem falada, surpreendeu-me Francisco José Viegas no seu blogue (origemdasespécies.blogspot.com) - “Assim é fácil”, 02/12/2006.
A propósito das objecções de um leitor sobre uma possível aceitação das expressões “tu fizestes”, “tu dissestes”, somente porque são “escutadas e popularizadas”, F. J. Viegas respondeu: (…) “É uma democracia da barbaridade, mas é necessário discutir o assunto”.
Não compreendi muito bem aonde queria chegar com “é necessário discutir o assunto”. Discutir calinadas sobre a conjugação dos verbos?! Há alguma coisa que discutir sobre uma ignorância inaceitável?
Em vez de massacrar os professores e alunos com jargões tão complicados quão inúteis, por que motivo não se intensifica e alarga a aprendizagem do conhecimento dos verbos regulares e irregulares, da conjugação verbal e a correcta aplicação dos modos, tempos, concordâncias? Seria então bem difícil ouvir o “tu comestes”, “tu fizestes”; para não falar do clássico "ele interviu"!...
Finalizando, se no Ministério da Educação não houver ninguém com uma migalha de bom senso e decidam dar o nihil obstat à TLEBS, que Deus acuda aos professores, alunos e à nossa língua portuguesa.
Alda M. Maia.
Não compreendi muito bem aonde queria chegar com “é necessário discutir o assunto”. Discutir calinadas sobre a conjugação dos verbos?! Há alguma coisa que discutir sobre uma ignorância inaceitável?
Em vez de massacrar os professores e alunos com jargões tão complicados quão inúteis, por que motivo não se intensifica e alarga a aprendizagem do conhecimento dos verbos regulares e irregulares, da conjugação verbal e a correcta aplicação dos modos, tempos, concordâncias? Seria então bem difícil ouvir o “tu comestes”, “tu fizestes”; para não falar do clássico "ele interviu"!...
Finalizando, se no Ministério da Educação não houver ninguém com uma migalha de bom senso e decidam dar o nihil obstat à TLEBS, que Deus acuda aos professores, alunos e à nossa língua portuguesa.
Alda M. Maia.
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PS:
Este post foi revisto
05 / 12 / 2006
1 Comments:
Boa tarde, Elianne!
Dizem eles - os do pró - que é para uniformizar a terminologia gramatical. Ainda não percebi o que pretendem uniformizar!
Um beijinho
Alda
PS:
Achei muito sugestiva "A Espada e o Trovão"!
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