segunda-feira, maio 04, 2015

A ÁRVORE DA VIDA


                                                            Expo 2015 Milão  -  Árvore da vida

E como de programa, no Primeiro de Maio inaugurou-se em Milão a Expo 2015 (“Nutrir o planeta, energia para a vida”).
Apesar do mau tempo, a chuva não desencorajou os duzentos mil visitantes nesse primeiro dia de abertura. Penetrando no amplo espaço onde as maravilhas se sucediam, ficaram encantados com o que viam e entusiasmados ante o facto de, praticamente, dar a volta ao mundo em poucas horas, descobrindo o que cada país, de todos os continentes, tinha para exibir em tecnologia e belezas naturais.

No segundo dia, dia 2, o número de visitantes aumentou e chegou a cerca de 220.000. Os bilhetes de ingresso vendidos, até ao dia dois, ascendem a 11 milhões e as marcações aumentam.

Desde o início da organização e preparação de um evento mundial de tanta importância, houve muitas polémicas e múltiplas vozes que preconizavam um fracasso. Enganaram-se. A Expo Milão 2015 está a revelar-se um sucesso e a provocar um justificado entusiasmo em quem a programou, organizou, a levou e efeito e a quem a visita. Oxalá tudo corra serena e correctamente até trinta e um de Outubro 2015.

Quando vi um grupo de jovens levar as bandeiras dos 145 países participantes e colocá-las no lugar onde permanecerão, invadiu-me uma grande tristeza. A bandeira do meu País não existia.
Já aqui me manifestei contra a ausência de Portugal e a consequente perda de uma excelente oportunidade de mostrarmos o que valemos em tradições, costumes e cultura, assim como a oportunidade de exaltarmos as nossas belezas e capacidades turísticas. Não quero repetir-me. Apenas reitero a minha indignação contra os responsáveis para os quais não encontro a mínima justificação da enorme tacanhez política, cultural e administrativa.

No dia da inauguração, verificaram-se actos de vandalismo no centro da cidade de Milão. Houve uma manifestação pacífica dos que dizem “Não à Expo”. Neste cortejo infiltraram-se algumas centenas de vândalos, não somente italianos como franceses, alemães, espanhóis e de outras nacionalidades: com máscaras e capuchos pretos, os sólitos profissionais da violência a que chamam Black bloc.
Pretendiam “uma guerrilha urbana”, choque sangrento com a polícia, mas esta evitou-o e procurou marginalizá-los e isolá-los.
No espaço por onde aqueles facínoras passaram estilhaçaram vitrinas, destruíram ingressos de bancos, atiraram molotovs, incendiaram cerca de cinquenta automóveis, mancharam paredes com verniz e escritas provocatórias. Através do lançamento de fumígenos, conseguiram fugir, libertaram-se das máscaras e confundiram-se com as pessoas normais. Alguns foram detidos.

O efeito anti-Expo que pretendiam fracassou. Provocou, pelo contrário, uma reacção nos habitantes de Milão que causa admiração e respeito. Partindo do mote, pronunciado pelo Presidente da Câmara, “Ninguém toque em Milão”, ontem vinte mil pessoas - cidadãos, associações, muitas famílias e crianças – confluíram, com o presidente da Câmara à cabeça do cortejo, na zona devastada e, percorrendo às arrecuas o percurso dos vândalos, deitaram mãos à obra e limparam a zona devastada.

No dia da inauguração, os jornais internacionais deram mais relevo aos desacatos no centro da cidade do que à importância da inauguração da Expo. Espero que também reservem o mesmo grau de atenção ao belíssimo comportamento cívico e de orgulho pela própria cidade dos cidadãos milaneses.

A “Árvore da vida” é um dos principais símbolos da Expo. È linda e um manancial de efeitos espectaculares. Só para ver esta árvore no seu esplendor, além do resto, valeria uma viagem a Milão.