INTERVENÇÃO MILITAR NA LÍBIA:
OPORTUNA OU DISPENSÁVEL?
Em nome de tantos princípios, devemos ser favoráveis ou contrários às operações aéreas da coalizão internacional, a fim de pôr em acto a resolução n.º 1973 do Conselho de Segurança da ONU?
Certamente que as intervenções que pressupõem acções de guerra provocam perplexidades e inquietação. A maior inquietude insere-se na opinião corrente: sabe-se como se inicia uma guerra, mas nunca se sabe como acabará.
Todavia, como se pode ficar indiferente ante a revolta de uma população oprimida por um ditador da pior espécie e saber que, sem meios para se defender das milícias e mercenários de Kadhafi, será vítima de um esmagamento sanguinário e brutal? Conhecendo o modus operandi daquele bárbaro, este final, sim, é fácil de prever.
Não tenho qualquer hesitação em aprovar o cumprimento da resolução da ONU. Lamenta-se apenas que não tivesse sido tomada muito antes. Penso que se teriam evitado tantas perdas humanas e as destruições que as imagens documentam.
Há exageros militares na imposição da zona de exclusão aérea na Líbia?
Seria de grande interesse conhecer indicações claras sobre métodos suaves, persuasivos e não ofensivos, a fim de neutralizar as linhas de defesa antiaéreas líbias, os sistemas radar, enfim, todo o aparelho militar de Kadhafi que este indivíduo, sem escrúpulos, pôs em marcha contra o seu povo. São possíveis? Existem?
Acho, portanto, decididamente hipócritas e internacionalmente demagógicos os protestos da China, Rússia, Liga Árabe e União Africana, não esquecendo o inefável Hugo Chavez e outros da mesma laia.
OPORTUNA OU DISPENSÁVEL?
Em nome de tantos princípios, devemos ser favoráveis ou contrários às operações aéreas da coalizão internacional, a fim de pôr em acto a resolução n.º 1973 do Conselho de Segurança da ONU?
Certamente que as intervenções que pressupõem acções de guerra provocam perplexidades e inquietação. A maior inquietude insere-se na opinião corrente: sabe-se como se inicia uma guerra, mas nunca se sabe como acabará.
Todavia, como se pode ficar indiferente ante a revolta de uma população oprimida por um ditador da pior espécie e saber que, sem meios para se defender das milícias e mercenários de Kadhafi, será vítima de um esmagamento sanguinário e brutal? Conhecendo o modus operandi daquele bárbaro, este final, sim, é fácil de prever.
Não tenho qualquer hesitação em aprovar o cumprimento da resolução da ONU. Lamenta-se apenas que não tivesse sido tomada muito antes. Penso que se teriam evitado tantas perdas humanas e as destruições que as imagens documentam.
Há exageros militares na imposição da zona de exclusão aérea na Líbia?
Seria de grande interesse conhecer indicações claras sobre métodos suaves, persuasivos e não ofensivos, a fim de neutralizar as linhas de defesa antiaéreas líbias, os sistemas radar, enfim, todo o aparelho militar de Kadhafi que este indivíduo, sem escrúpulos, pôs em marcha contra o seu povo. São possíveis? Existem?
Acho, portanto, decididamente hipócritas e internacionalmente demagógicos os protestos da China, Rússia, Liga Árabe e União Africana, não esquecendo o inefável Hugo Chavez e outros da mesma laia.
Ponderando a quase ausência de democracia nestes países, é inevitável a ironia: mas de que púlpitos vêm estas prédicas de cautela e protesto!...
Que pretende a Liga Árabe? Por que não reagiu com tempestividade aos massacres dos correligionários líbios - ademais por um tirano mal visto pela generalidade dos líderes dos países dessa organização - que apenas desejavam, sem violência, o que foi possível no Egipto e Tunísia?
Aceitou a imposição do famigerado "no fly zone", mas a Liga como entende impô-lo e convencer Kadhafi a eliminar os bombardeamentos vingativos e indiscriminados? Insisto, conhece uma receita milagrosa para a salvaguarda dos civis? Por que não se põe em campo e a usa?
Que autoridade tem a União Africana para solicitar o fim imediato da intervenção militar da coalizão internacional, quando, desde o princípio, brilhou pela ausência e silêncio sobre o que se passava na Líbia?
É oportuno recordar que, mercê da generosidade de Kadhafi para com os ditadorzecos subsarianos, estes forneceram os mercenários – cerca de 10 mil e provenientes, sobretudo, do Níger, Chade, Argélia, Mauritânia, Gabão, Gana - que dispararam e continuam a disparar sobre a população civil daquele desgraçado país.
Quanto às ironias de Putin sobre a resolução da ONU, a qual lhe recordava “os apelos medievais para as Cruzadas”, seria útil também recordar-lhe, e não ironicamente, o que se passa e passou na Chechénia.
Em segundo lugar, quando se fazem recomendações à coalizão de pôr fim a “um uso não selectivo das forças”, pois foram atacados objectivos não militares que provocaram a morte de 48 civis e cerca de 150 feridos, o comunicado russo nada mais fez que repetir o estrondoso noticiário de Kadhafi - absolutamente incontrolável - e isso não é sério.
Ainda bem que o Presidente Medvedev criticou Putin pelo inapropriado termo “Cruzadas”. Paralelamente, declarou que estava perfeitamente de acordo com a resolução do Conselho de Segurança ONU. Viva o bom senso!
O emprego cínico e criminosos de civis como escudo humano já se está a verificar. De que outros meios bárbaros se servirá Kadhafi para defender o ceptro, além dos que já pôs em prática, logo de início, e dos quais pouco se fala?
Resta esperar que tudo acabe bem, que os opositores consigam, por si mesmos, reconstruir uma nova Líbia.
Que pretende a Liga Árabe? Por que não reagiu com tempestividade aos massacres dos correligionários líbios - ademais por um tirano mal visto pela generalidade dos líderes dos países dessa organização - que apenas desejavam, sem violência, o que foi possível no Egipto e Tunísia?
Aceitou a imposição do famigerado "no fly zone", mas a Liga como entende impô-lo e convencer Kadhafi a eliminar os bombardeamentos vingativos e indiscriminados? Insisto, conhece uma receita milagrosa para a salvaguarda dos civis? Por que não se põe em campo e a usa?
Que autoridade tem a União Africana para solicitar o fim imediato da intervenção militar da coalizão internacional, quando, desde o princípio, brilhou pela ausência e silêncio sobre o que se passava na Líbia?
É oportuno recordar que, mercê da generosidade de Kadhafi para com os ditadorzecos subsarianos, estes forneceram os mercenários – cerca de 10 mil e provenientes, sobretudo, do Níger, Chade, Argélia, Mauritânia, Gabão, Gana - que dispararam e continuam a disparar sobre a população civil daquele desgraçado país.
Quanto às ironias de Putin sobre a resolução da ONU, a qual lhe recordava “os apelos medievais para as Cruzadas”, seria útil também recordar-lhe, e não ironicamente, o que se passa e passou na Chechénia.
Em segundo lugar, quando se fazem recomendações à coalizão de pôr fim a “um uso não selectivo das forças”, pois foram atacados objectivos não militares que provocaram a morte de 48 civis e cerca de 150 feridos, o comunicado russo nada mais fez que repetir o estrondoso noticiário de Kadhafi - absolutamente incontrolável - e isso não é sério.
Ainda bem que o Presidente Medvedev criticou Putin pelo inapropriado termo “Cruzadas”. Paralelamente, declarou que estava perfeitamente de acordo com a resolução do Conselho de Segurança ONU. Viva o bom senso!
O emprego cínico e criminosos de civis como escudo humano já se está a verificar. De que outros meios bárbaros se servirá Kadhafi para defender o ceptro, além dos que já pôs em prática, logo de início, e dos quais pouco se fala?
Resta esperar que tudo acabe bem, que os opositores consigam, por si mesmos, reconstruir uma nova Líbia.
É também desejável que, da parte externa, haja toda a ajuda necessária para que se levantem, construam um verdadeiro Estado com as instituições adequadas e caminhem dentro dos ideais democráticos, sem renegar as identidades que os caracterizam.
E quando todas estas esperanças começarem a concretizar-se em todo o Norte de África, a União Europeia pode fazer muito para que estes povos ressurjam e sacudam definitivamente os totalitarismos.
E quando todas estas esperanças começarem a concretizar-se em todo o Norte de África, a União Europeia pode fazer muito para que estes povos ressurjam e sacudam definitivamente os totalitarismos.
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Numa entrevista, Romano Prodi propôs, entre várias coisas, tratados de associação dos países mediterrânicos do Norte de África à União Europeia. Não o ingresso, para o qual não existem as condições, mas associação, amizade institucionalizada em vários níveis, segundo as condições políticas, sociais e económicas daqueles países” – Eugénio Scalfari em La Repubblica de 20/03/2011.
Impossível não concordar.
Termino com uma citação, muito feliz, do Presidente da República italiana, Giorgio Napolitano.
“Não fiquemos indiferentes. Não permitamos que sejam destruídas as esperanças de um Ressurgimento no mundo árabe”.
Precisamente: um Ressurgimento!
Numa entrevista, Romano Prodi propôs, entre várias coisas, tratados de associação dos países mediterrânicos do Norte de África à União Europeia. Não o ingresso, para o qual não existem as condições, mas associação, amizade institucionalizada em vários níveis, segundo as condições políticas, sociais e económicas daqueles países” – Eugénio Scalfari em La Repubblica de 20/03/2011.
Impossível não concordar.
Termino com uma citação, muito feliz, do Presidente da República italiana, Giorgio Napolitano.
“Não fiquemos indiferentes. Não permitamos que sejam destruídas as esperanças de um Ressurgimento no mundo árabe”.
Precisamente: um Ressurgimento!
Alda M. Maia
4 Comments:
Boa questão, Alda.
Parece-me oportuna, esta acção militar, face ao rumo que o contra-ataque de Kadaffi à custa dos mercenários e do armamento que comprou com o dinheiro do petróleo extraído do solo Líbio, logo, dos Líbios e não duma família.
O resultado das operações militares de Kadaffi estava à vista de toda a gente. Um massacre era mais que inevitável.
O petróleo também ajudou à decisão das Nações Unidas, claro.
Aos poucos, com muitos avanços e recuos, a Democracia mais ou menos adaptada às circunstâncias e às zonas estratégicas do Mundo, cá vai impondo os seus méritos como sistema de organização política e administrativa das Nações. Mas não é nada fácil nem completamente nítida a fronteira entre um sistema que permita ao Homem viver com dignidade e a defesa encapotada de interesses económicos.
Muito interessante a forma pertinente e directa como aborda esta questão.
ps.: Gostei de ler a troca de comentários mais abaixo, com o colega radioamador (não me ocorre o nome...Sequeira assim é o seu sobrenome). Velhos tempos em que havia radioamadores que se davam ao trabalho de gravar QSO´s. Às vezes ajudavam ao controlo das nossas emissões.
Abraço
António
Boa Tarde, António.
Não sei o que se passa com a publicação de comentários que, ou vão por água abaixo ou devo repetir.
Repitamos, então.
Dizia eu que, ontem, não abri o computador. Só hoje pude ler o seu comentário e que agradeço.
Vejo que concorda comigo na questão líbia. O que tenho receio é que a coligação internacional complique as operações por divismos inoportunnos ou falta de entendimento. Oxaláo atinjam os resultados esperados e sem danos colaterais.
Relativamente ao comentário do Dr. Constantino Sequeira, foi para mim uma agradável surpresa e, num certo sentido, fiquei comovida. Quantos bons e excelentes amigos daquele tempo já passaram a QRT definitivo!
Entre hoje ou amanhã, enviarei ao Dr. Sequeira e-mail para agradecer-lhe, mais directamente, a sua gentileza.
Entretanto, veio-me uma ideia: programar um QSO com o operador de CT1CIR através da estação de CT1WB. Tem um bom parque de antenas e penso que será fácil um contacto em 40 ou 80 metros.
Vossa Senhoria está de acordo?
Num futuro próximo falarei com o César e, se for possível, dar-lhe-ei notícias no seu "Dispersamente".
Um grande abraço e um beijinho à Zaida
Alda
Viva, Alda, Bom Dia
Estava eu, a pensar na vida, se havia de ir até casa, lá para a banda dos Lourais, na Barreira, a Sra. do Monte a sorrir (estou a ver esse sorriso, mesmo daqui, deste largo da Sé, Leiria, casa onde nasceu Acácio de Paiva, à frente o Eça de Queiroz a espreitar, precisamente para a janela da qual diviso a Sé, as olaias floridas do seu Adro, a congeminar o enredo do seu "Crime do Padre Amaro", a Amparo a servir uma chazinho, no Largo, o Padre ... a passar e o Carlos da Botica (era, segundo se julga, o bisavô da Zaida...etc etc)
quando acabei por vir aqui e deixar-lhe um olá, agradecer-lhe a ideia interessante do QSO nos 40 ou 80 metros, pois então, lá terei que dar um jeito no meu microfone do Yaesu FT990, se calhar vou ter de comprar um, que o que tinha entrou em greve por tempo indeterminado.
Não sei se já reparou, agora ando metido em colaborador de uma Rádio local, por via dum amigo, que me convidou para opinar às Terças e Quintas, entre as 17h15 e as 17h30 na frequência 104,8 mhz, ou via Net, www.radiobatalha.com
É o Soares Duarte, radialista (como ele gosta de se intitular e tem razão para isso), reformado da antiga Emissora Nacional...etc etc
Vamos a isso, cá fico à espera de notícias,
Com um grande abraço de muita amizade
Desculpe os etc. Caso contrário, não me calam o pio. Quando estou para aí virado, claro.
António
Sempre bem-vindo, António
Boa ideia ter vindo aqui e ler a minha ideia sobre o QSO.
Achei graça à greve do seu microfone. Sente-se abandonado pela falta de uso do seu proprietário?
Ontem quis deixar um comentário no seu "domínio", mas não fui capaz de entrar. Aparecia a página dos comentários em branco, avisando-me de um problema que não consegui superar.
Hoje tornou tudo à normalidade... espero!
Só quero dizer uma coisa: os pouquíssimos blogues que pus nos favoritos, leio-os diariamente. Claro está que o seu é um dos primeiros a ser lido. Logo, estou bem ao corrente das suas performances na Rádio Batalha (assim como outro género de actividade da Zaida).
Só tenho pena não poder captar essa emissora.
Um grande abraço a toda a Família
Alda
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