CATA-VENTOS
Já precedentemente exteriorizei a minha estranheza pela desenvoltura como muitos publicistas mudam de ideias, conforme a direcção dos ventos.
Certamente que mudar de opinião ou alterá-la com algumas correcções não significa incoerência: a coerência não é imobilidade de juízo afirmou alguém, e justamente.
Mas os casos que não me agradam referem-se às despudoradas reviravoltas de quem escreve, comenta, opina nos mais diversos meios de informação.
Antes do terramoto financeiro, o primeiro-ministro inglês era descrito como figura apagada, sem carisma, impopular, prestes a ser substituído.
As sondagens punham-no de rastos… Mas serão sempre correctas as perguntas que dão forma às sondagens? E estas serão sempre fiáveis? De norma, leio-as com uma certa difidência.
Não sei explicar claramente a razão, mas Gordon Brown é um género de político que me é simpático. Assim, tudo o que lia de negativo, sobre a sua actividade de primeiro-ministro, desagradava-me. Entendia que, em tais criticas, predominavam mais as opiniões camaleónicas que a preocupação da objectividade.
Não possuindo o dom da comunicabilidade ou os modos persuasivos de Tony Blair, fácil ou premeditadamente se obliterou a sua eficiência e seriedade como ministro da economia.
Hoje, que a tempestade financeira amainou e o seu plano e sugestões muito contribuíram para a domar, é “o salvador do mundo” (Paul Krugman). Os jornais mais prestigiosos louvam-lhe a calma e experiência, as sondagens (sempre estas abençoadas sondagens!) dão-lhe uma subida de cotação.
Agora, o Sr. Primeiro-Ministro do Reino Unido começa a ser descrito como um político de excelentes qualidades!
Os ventos mudaram; vire-se o leme nessa direcção!...
Oxalá que Gordon Brown mantenha o ar que sempre teve de pessoa mesurada e não caia na tentação de se tornar num divo da política. Que deixe isso para aqueles politiqueiros sem outra coisa na cabeça que não seja vaidade, esperteza de feirantes e interesses pessoais.
Que continue a sorrir com mais frequência: favorece-o e fica mais bonitinho que Tony Blair. Numa política séria como a sua, isso também serve!
****
"PRÓS E CONTRAS"
Fátima Campos Ferreira é uma simpática senhora da nossa televisão, muito popular pela apresentação e condução do programa “Prós e Contras”.
Atenta aos temas que a actualidade impõe, escolhe com seriedade a competência dos intervenientes. Não descura a criação de um clima distensivo, mesmo quando as matérias podem dar origem a fortes polémicas. Estes os prós a favor de Fátima Campos Ferreira.
Sendo, praticamente, condutora e entrevistadora, visto que a sua missão é extrair o máximo dos seus convidados e administrar com equidade o tempo disponível, certamente que se espera aquela técnica muito própria de um bom entrevistador: perguntas muito sóbrias, directas e pertinentes; jamais cobrir a voz da pessoa a quem se concede a palavra com opiniões próprias.
Tenho notado que algumas das nossas entrevistadoras sofrem de uma espécie de bulimia verbal: perguntam, comentam, interrompem, exprimem as próprias ideias: são elas que se devem salientar e não o entrevistado.
Esquecem-se que a opinião da ou do entrevistador não interessa, mas sim a do entrevistado.
Por vezes, parece-me que Fátima Campos Ferreira padece deste mau costume. E nisto vejo um grande contra.
No último programa excedeu-se. Houve ocasiões em que roçou a má educação, sobretudo quando intervinha o presidente do BPI, Fernando Ulrich. Este Senhor expunha os seus pontos de vista e a condutora falava ao mesmo tempo; não para o interromper, mas para exprimir comentários sem a mínima preocupação de cometer uma indelicadeza imprópria de um bom profissional. Péssimo espectáculo!
É justa a interrupção, quando um participante se alonga ou se torna verborreico. Mas um bom condutor encontra sempre uma pergunta rápida e oportuna que consegue interromper e desviar com inteligência digressões que nada esclarecem.
Insisto, as opiniões do condutor são dispensáveis. Que demonstre preparação, bom conhecimento das matérias em discussão e, mercê destas capacidades, saiba levar os intervenientes a dar o máximo brilho e interesse ao debate; é nisto que se nota o autêntico e grande profissionalismo.
Logo, seria aconselhável que jamais esquecesse que não são as verbosidades inoportunas que lhe podem dar classe.
Alda M. Maia
Já precedentemente exteriorizei a minha estranheza pela desenvoltura como muitos publicistas mudam de ideias, conforme a direcção dos ventos.
Certamente que mudar de opinião ou alterá-la com algumas correcções não significa incoerência: a coerência não é imobilidade de juízo afirmou alguém, e justamente.
Mas os casos que não me agradam referem-se às despudoradas reviravoltas de quem escreve, comenta, opina nos mais diversos meios de informação.
Antes do terramoto financeiro, o primeiro-ministro inglês era descrito como figura apagada, sem carisma, impopular, prestes a ser substituído.
As sondagens punham-no de rastos… Mas serão sempre correctas as perguntas que dão forma às sondagens? E estas serão sempre fiáveis? De norma, leio-as com uma certa difidência.
Não sei explicar claramente a razão, mas Gordon Brown é um género de político que me é simpático. Assim, tudo o que lia de negativo, sobre a sua actividade de primeiro-ministro, desagradava-me. Entendia que, em tais criticas, predominavam mais as opiniões camaleónicas que a preocupação da objectividade.
Não possuindo o dom da comunicabilidade ou os modos persuasivos de Tony Blair, fácil ou premeditadamente se obliterou a sua eficiência e seriedade como ministro da economia.
Hoje, que a tempestade financeira amainou e o seu plano e sugestões muito contribuíram para a domar, é “o salvador do mundo” (Paul Krugman). Os jornais mais prestigiosos louvam-lhe a calma e experiência, as sondagens (sempre estas abençoadas sondagens!) dão-lhe uma subida de cotação.
Agora, o Sr. Primeiro-Ministro do Reino Unido começa a ser descrito como um político de excelentes qualidades!
Os ventos mudaram; vire-se o leme nessa direcção!...
Oxalá que Gordon Brown mantenha o ar que sempre teve de pessoa mesurada e não caia na tentação de se tornar num divo da política. Que deixe isso para aqueles politiqueiros sem outra coisa na cabeça que não seja vaidade, esperteza de feirantes e interesses pessoais.
Que continue a sorrir com mais frequência: favorece-o e fica mais bonitinho que Tony Blair. Numa política séria como a sua, isso também serve!
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"PRÓS E CONTRAS"
Fátima Campos Ferreira é uma simpática senhora da nossa televisão, muito popular pela apresentação e condução do programa “Prós e Contras”.
Atenta aos temas que a actualidade impõe, escolhe com seriedade a competência dos intervenientes. Não descura a criação de um clima distensivo, mesmo quando as matérias podem dar origem a fortes polémicas. Estes os prós a favor de Fátima Campos Ferreira.
Sendo, praticamente, condutora e entrevistadora, visto que a sua missão é extrair o máximo dos seus convidados e administrar com equidade o tempo disponível, certamente que se espera aquela técnica muito própria de um bom entrevistador: perguntas muito sóbrias, directas e pertinentes; jamais cobrir a voz da pessoa a quem se concede a palavra com opiniões próprias.
Tenho notado que algumas das nossas entrevistadoras sofrem de uma espécie de bulimia verbal: perguntam, comentam, interrompem, exprimem as próprias ideias: são elas que se devem salientar e não o entrevistado.
Esquecem-se que a opinião da ou do entrevistador não interessa, mas sim a do entrevistado.
Por vezes, parece-me que Fátima Campos Ferreira padece deste mau costume. E nisto vejo um grande contra.
No último programa excedeu-se. Houve ocasiões em que roçou a má educação, sobretudo quando intervinha o presidente do BPI, Fernando Ulrich. Este Senhor expunha os seus pontos de vista e a condutora falava ao mesmo tempo; não para o interromper, mas para exprimir comentários sem a mínima preocupação de cometer uma indelicadeza imprópria de um bom profissional. Péssimo espectáculo!
É justa a interrupção, quando um participante se alonga ou se torna verborreico. Mas um bom condutor encontra sempre uma pergunta rápida e oportuna que consegue interromper e desviar com inteligência digressões que nada esclarecem.
Insisto, as opiniões do condutor são dispensáveis. Que demonstre preparação, bom conhecimento das matérias em discussão e, mercê destas capacidades, saiba levar os intervenientes a dar o máximo brilho e interesse ao debate; é nisto que se nota o autêntico e grande profissionalismo.
Logo, seria aconselhável que jamais esquecesse que não são as verbosidades inoportunas que lhe podem dar classe.
Alda M. Maia
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