domingo, janeiro 07, 2007

UM LINDO SORRISO APAGADO POR UM IDIOTA

A cena já se passou há dias, mas não me deixa o pensamento.
Bem, conversemos com o computador. Pode ser que, revirando-a de um lado e do outro, a consiga colocar na repartição dos factos odiosos e, consequentemente, a encare com aquela filosofia caseira que encontra sempre, e perante gestos irritantes, a banal explicação: nada que fazer contra quem é imbecil. Neste caso, contra quem também não possui o dom da sensibilidade ou, pelo menos, aquele mínimo de educação necessário para uma convivência civilizada.

Na Praça 9 de Abril, parei a conversar com uma pessoa amiga. Perto, estava um casal com um menino – quatro, cinco aninhos - com ligeira síndrome de Down. Mais afastados, uns rapazitos brincavam, atirando uma bola uns aos outros. Arremessada com mais força, esta rolou para longe e foi parar aos pés do casal com o menino. Naquele momento, aproximava-se um homem: bem vestido, aspecto de pessoa educada. Que engano!...
.
O pequenino recolheu a bola. Pensando, talvez, que pertencesse a este indivíduo, com um sorriso dulcíssimo, entregou-lha:- “Pega!”
Resposta grosseira do homem: - “P’ra que quero a bola? Não é minha.”
Sempre com o mesmo sorriso, o menino insistiu: - “Pega”
Ainda mais grosseiramente: “Já te disse que não é minha, não me aborreças. Deixa-me passar.”
O sorriso da criança desapareceu e olhou para os pais, desorientada. Num relance, vi neles a indignação, mas, sobretudo, uma grande mágoa.

Que ganas, mas que ganas de pespegar duas valentes bofetadas naquele energúmeno sem coração nem civismo!!
Mas não era possível. Passaria por maluca. Além disso, e desgraçadamente, a malvadez das atitudes de certa gente, quando não é delituosa, goza de ampla liberdade.
Alda M. Maia

8 Comments:

At 7:02 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Para mal da nossa sociedade, continua a haver muita gente assim.
Muitas pessoas perderam a capacidade de sentir a doçura de uma criança, mesmo quando os seus actos não nos agradam. Mais grave que isso é que deixaram de ser capazes de manifestar um gesto que seja de carinho ou de afecto.
Parabéns por manifestar a sua indignação.

 
At 10:45 da tarde, Blogger Alda M. Maia said...

Senhor José Araújo
Muito obrigada pelo seu comentário e pela gentileza das suas palavras: satisfeita de saber que provêm de um conterrâneo!
Uma saudação amiga
Alda

 
At 5:40 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Querida amiga Alda
Não podia deixar passar em branco a zona de comentários dedicada a este post.
Atitudes como estas só denotam que há pessoas que se esquecem, pura e simplesmente, de, em vez de se concentrarem no seu próprio umbigo, também olhar para tudo o que as rodeia, com atenção, com carinho, espírito cívico e, muita, muita humanidade. Não pode ser da natureza humana sermos tão BRUTOS!...
Cá por mim não sei se resistiria a dar-lhe uma reprimenda...ou algo mais,em caso de alguma reacção mais extemporânea!
BOM ANO de 2007.
António

 
At 7:01 da tarde, Blogger Alda M. Maia said...

Boa tarde, amigo António

Acha que uma reprimenda a pessoas completamente destituídas de sensibilidade, mas muito senhoras do próprio ego, serviria para as envergonhar? Ali, olhe que somente quatro bons tabefes, humilhadores, produziriam efeito.

Obrigada pela sua aparição neste blogue e, sinceramente, foi um prazer lê-lo. Obviamente, continuo a ler todos os seus posts
Um abraço a toda a Família
Alda

 
At 8:10 da tarde, Blogger Alda M. Maia said...

Outra vez: boa tarde, António

Aquilo dos tebefes "humilhadores" em vez de humilhantes, ficou-me a zunir no ouvido. Corrijamos!
Um abraço
Alda

 
At 10:35 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Pois é Alda! Dantes, as cavalgaduras, serviam por cá de meio de transporte. Hoje a coisa mudou. São elas próprias que se fazem transportar; normalmente de automóvel.Lá dentro, conseguem esconder um tanto, quanto são feias, mal-amanhadas, rústicas e às vezes, rancorosas. Mas, mal põem as ferraduras no chão, desatam aos coices e orneiam. Coisa própria de bestas. Não há que estranhar!

 
At 10:31 da tarde, Blogger Alda M. Maia said...

Boa noite, Neca Eira

Olhe que Neca dos Casais, se calhar, não ficaria pior! Que lhe parece?

Essa das cavalgaduras que, invertendo as situações, se fazem transportar em bons automóveis, está muito bem vista. Excelente imagem!
Au revoir, Mr. Neca
Alda

 
At 1:58 da manhã, Blogger Ana Maria said...

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