CONTINUAÇÃO DO POST ANTERIOR
Quando ontem escrevi o post “Eppur si muove”, algumas horas antes tivera ocasião de assistir à já famosa entrevista de Lúcia Annunziata a Berlusconi.
Não me referi ao acontecimento – para mim bastante divertido – visto que apenas queria salientar a tomada de posição do Corriere della Sera e, por acréscimo, as declarações públicas de dois dos maiores intelectuais italianos.
Digo que o caso foi divertido, pois jamais vira o primeiro-ministro estreitamente marcado por um jornalista.
Lúcia Annunziata, a entrevistadora, partiu determinada no escopo de obter respostas e travar os habituais discursos logorreicos do entrevistado, o que até então nunca se tinha verificado.
Frequentemente, era sumamente irritante, em programas onde Berlusconi interviesse, ver a subalternidade dos jornalistas presentes: incapazes de o interromper, subservientes ao ponto de nunca o contrariar. Espectáculo penoso!
Lúcia Annunziata podia ter evitado certas perguntas provocatórias, precisamente para não dar azo ao tema preferido de Berlusconi, isto é: os adversários são todos comunistas, uma esquerda anti-democrática, anti-liberal e que, portanto, são um perigo para o país.
O homem, não sei se por convicção (o que não creio), se por achar que é eficaz com o eleitorado, nunca perde ocasião de proferir estes anátemas contra a oposição. Ridículo e insuportável.
“Desejaria explicar aos espectadores que devo fazer uma entrevista com uma jornalista que tem fortes preconceitos e que é uma expressão única, orgânica da esquerda. Desejaria que me perguntasse por que razão os eleitores devem votar por mim e não pela esquerda” (a oposição é formada por partidos do centra e de esquerda, mas Berlusconi não o quer reconhecer).
Lúcia Annunziata é de esquerda, efectivamente; foi presidente da RAI com a aquiescência da maioria de governo. Todavia, teve de se demitir pelas excessivas interferências dessa mesma maioria nos serviços televisivos da RAI.
No lugar da jornalista, perante a ameaça de Berlusconi de retirar-se, jamais lhe pediria para reconsiderar. Dir-lhe-ia, com determinação, que as regras de uma entrevista são iguais para todos. Se as não queria respeitar, livre de fazer o que entendesse.
Um triste espectáculo de má educação e arrogância.
Alda M. Maia
Quando ontem escrevi o post “Eppur si muove”, algumas horas antes tivera ocasião de assistir à já famosa entrevista de Lúcia Annunziata a Berlusconi.
Não me referi ao acontecimento – para mim bastante divertido – visto que apenas queria salientar a tomada de posição do Corriere della Sera e, por acréscimo, as declarações públicas de dois dos maiores intelectuais italianos.
Digo que o caso foi divertido, pois jamais vira o primeiro-ministro estreitamente marcado por um jornalista.
Lúcia Annunziata, a entrevistadora, partiu determinada no escopo de obter respostas e travar os habituais discursos logorreicos do entrevistado, o que até então nunca se tinha verificado.
Frequentemente, era sumamente irritante, em programas onde Berlusconi interviesse, ver a subalternidade dos jornalistas presentes: incapazes de o interromper, subservientes ao ponto de nunca o contrariar. Espectáculo penoso!
Lúcia Annunziata podia ter evitado certas perguntas provocatórias, precisamente para não dar azo ao tema preferido de Berlusconi, isto é: os adversários são todos comunistas, uma esquerda anti-democrática, anti-liberal e que, portanto, são um perigo para o país.
O homem, não sei se por convicção (o que não creio), se por achar que é eficaz com o eleitorado, nunca perde ocasião de proferir estes anátemas contra a oposição. Ridículo e insuportável.
“Desejaria explicar aos espectadores que devo fazer uma entrevista com uma jornalista que tem fortes preconceitos e que é uma expressão única, orgânica da esquerda. Desejaria que me perguntasse por que razão os eleitores devem votar por mim e não pela esquerda” (a oposição é formada por partidos do centra e de esquerda, mas Berlusconi não o quer reconhecer).
Lúcia Annunziata é de esquerda, efectivamente; foi presidente da RAI com a aquiescência da maioria de governo. Todavia, teve de se demitir pelas excessivas interferências dessa mesma maioria nos serviços televisivos da RAI.
No lugar da jornalista, perante a ameaça de Berlusconi de retirar-se, jamais lhe pediria para reconsiderar. Dir-lhe-ia, com determinação, que as regras de uma entrevista são iguais para todos. Se as não queria respeitar, livre de fazer o que entendesse.
Um triste espectáculo de má educação e arrogância.
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