segunda-feira, novembro 10, 2014

ANGELA MERKEL: A MULHER POTENTE
QUE DESCONHECE AS REGRAS DA DIPLOMACIA

Ocupa o quinto lugar na lista das personagens mais potentes do mundo. Por essa mesma razão, entende que não deve respeitar a sensibilidade de Estados-membros da União que, do alto da sua importância, crê insignificantes, talvez parasitários, logo, susceptíveis de receber lições ou críticas sem um mínimo de diplomacia.

Em plena crise económica e financeira, quando se referia aos países do Sul da Europa, a senhora Merkel não se coibiu de inculcar nos seus compatriotas a ideia que eram eles quem financiava a preguiça e o atraso destes países, os quais trabalhavam menos horas; usufruíam de férias prolongadas, etc.. Comprovou-se que era falso. Todavia, grande parte do povo alemão continua a alimentar essas opiniões.

E neste contexto, surgiu mais uma pérola: Portugal e a Espanha têm licenciados a mais. Deveriam imitar a Alemanha, dando maior atenção ao ensino profissional.

Proferida tal sentença - numa reunião com a confederação das associações patronais alemã - a senhora Merkel falou sem ter em consideração as estatísticas e o que está em projecto neste campo do ensino. Digamos que falou atabalhoadamente. Mas como czarina da União, julga-se nesse direito.

Em segundo lugar, e na minha opinião, nunca haverá licenciados a mais no nosso país. Cidadãos com uma educação superior constituem uma riqueza de um normal país que quer progredir.
Todavia, o que mais indispõe é a falta de tacto e delicadeza desta senhora, quando pretende dar lições sobre o que um qualquer ministério de um Estado-membro deve ou não deve fazer.

Para não lhe chamar grosseira, entendo que deveria potenciar cursos de correcta e refinada diplomacia e começar a frequentá-los. Estes também se podem incluir no ensino vocacional; para um político de carreira, então, é indispensável. No que concerne a senhora Merkel, nunca é tarde para aprender.

Muito se escreveu, nestes últimos dias, sobre os 25 anos da queda do Muro de Berlim.
A este propósito, cito o que escreveu Sérgio Noto – Professor de História Económica na Universidade de Verona.
Recordando Wolf Biermann, “o maior cantautor alemão e o símbolo trágico mas integral do drama do sonho socialista e da Alemanha dividida”.

“Infelizmente, a Alemanha (unida) do pós-Muro não foi aquela – como frequentemente acontece – dos que tinham trabalhado, combatido, arriscado e, em alguns casos, foram mortos para construí-la.
A Alemanha, 25 anos depois daquela noite fatal de Novembro 1989 não é, certamente, a Alemanha de Biermann que desceu à rua para lutar contra a destruição dos arquivos da Stasi.
A Alemanha de 2014 é a da Merkel (que consta, nos arquivos DDR, tivesse desenvolvido actividades de controlo estreito, precisamente do grande químico Havermann) e daqueles homens e mulheres que, oportunisticamente, no Este como no Oeste, tinham cultivado as próprias conveniências à sombra de governos que consentiam ou praticavam a tortura dos dissidentes; a Alemanha do business à Schröder, europeia somente quando serve para encher a pança dos seus eleitores, mas pronta a apontar o dedo contra países ”irmãos” em dificuldade. Em Berlim, como noutros lugares do mundo, a vitória nunca é dos vencedores e dos combatentes, mas dos oportunistas e espertalhões”.