ENTREVISTAS
INCONCEBÍVEIS
INCONCEBÍVEIS
APARELHOS PARTIDÁRIOS
A classificar a já
famosa entrevista de 10 de Junho ao jornal “Público” da Vice-Presidente do
Partido Social Democrático, Teresa Leal
Coelho, como “entrevista
inconcebível” foi o Historiador Pacheco Pereira – Público, 14 de Junho.
Efectivamente, é
inconcebível que uma Vice-Presidente de um dos dois maiores partidos do tal
“arco da governação” tivesse demonstrado uma tão mísera preparação, expressa arrogantemente,
sobre o alto significado do Tribunal Constitucional numa democracia.
Classifico esta
entrevista como famosa, pois não só levantou grande celeuma na oposição,
obviamente, como demonstrou até onde pode chegar a ignorância arrogante de
elementos que têm responsabilidades partidárias.
Mas ponhamos a
arrogância de lado e fixemo-nos na pior barbaridade que aquela Senhora quis
transmitir.
As críticas que pude
ler limitaram-se a invocar, em diversas gradações, o respeito devido ao Tribuna
Constitucional, condenando as ameaças que a Sra. Leal Coelho não se coibiu de
endereçar a esta importante instituição.
Penso que observações
e críticas a quaisquer sentenças dos diversos tribunais devam ser aceitáveis,
desde que não sejam reforçadas com ameaças e interpretações acintosas,
obviamente.
Todavia, o que
verdadeiramente me escandalizou foi o conceito, explicado com toda a naturalidade à
entrevistadora, sobre o método de escolha dos juízes do TC. A este facto,
apenas aludiu, dando-lhe o justo realce, um membro do PCP e Pacheco Pereira, no
seu artigo de sábado passado.
Transcrevo as respostas
de Teresa Leal Coelho sobre esse conceito:
“Quando nós convidámos personalidades para um cargo no TC, naturalmente
que lhes transmitimos aquela que era a nossa visão e naturalmente que também
ouvimos essas pessoas. Aquele que era e é o nosso entendimento é que a visão de
Portugal seria a de um país integrado na União Europeia e vinculado a
compromissos como o do Tratado Orçamental” - conclusão, Egrégios Juízes: comanda
o Pacto Orçamental, atirem com a Constituição para as urtigas e não nos
aborreçam.
“Não é tão fácil encontrar pessoas para se candidatarem ao Tribunal Constitucional, ao
contrário do que se pensa. Alguns dos
juízes cuja candidatura foi proposta por nós criaram a ilusão de que tinham uma
visão filosófico-política que seria compatível com aquilo que é o projecto
reformista que temos para Portugal no âmbito da integração na União Europeia.
Nós tivemos a ilusão que esta era a
perspectiva dos nomes que candidatámos a juízes do TC. Parece que não passou de
uma ilusão”. – o sublinhado é meu.
Escolhem-se ou
elegem-se os 13 juízes que formarão o Tribunal Constitucional segundo uma
incontestável idoneidade jurídico-constitucional ou porque devam prestar
vassalagem a quem os escolheu?
Um conceito
vergonhoso; mais indecoroso ainda, quando provém de vice-presidentes de partidos
que nos governam.
*****
OS INCONCEBÍVEIS APARELHOS PARTIDÁRIOS. Inconcebíveis, quando estes aparelhos partidários se
afastam de uma normal organização que garante uma representatividade séria e esforçada
dos seus eleitores.
Observando o que se está
a passar no Partido Socialista, primeiro surge a estupefacção; em seguida, uma
irritação profunda.
É inconcebível que,
acima de tudo, estejam os estatutos, os posicionamentos hierárquicos dentro do
partido, a sede indisfarçada de um actual ou futuro poder desses instalados no
partido.
É inconcebível,
portanto, que não haja a mínima preocupação com o que pensa quem lhes concede o
seu voto e lhes garante a consistência de um partido que deveria defender,
decidida e indefectivelmente, princípios, ideias, programas, iniciativas que
lançariam o país no caminho do progresso e bem-estar comum. É isto o que fazem
esses aparelhos partidários? Não.
“Não estamos aqui por jogos de poder, estamos aqui por Portugal. Para
reafirmar que a política pode e deve ser feita a pensar nas pessoas e em
princípios e valores” – assim declamava o Secretário-geral, António Seguro,
sábado passado.
Expressões muito
bonitas, mas tão gastas! Tão abusadas e sempre atraiçoadas! Não seria mais
aconselhável omitir retóricas em quem já ninguém acredita e pôr em acto
atitudes renunciatórias, se estas servem para uma maior credibilidade do
partido?
Se pensam nas
pessoas, auscultem-nas e ponderem bem o que pensam os eleitores, os vossos potenciais
eleitores e não só, e saberão como dar avio a uma renovação de um partido que
infunda confiança e esperança. É a opinião destes eleitores que deve contribuir
com maior peso para as vossas decisões.
E, por favor,
poupem-nos os pregões da falta de lealdade, solidariedade e quejandos,
referindo-se a quem se considera adversário dentro do partido.
Se António José Seguro
está aí por Portugal, recorde que é ao nosso país, sobretudo, que é devida lealdade
absoluta e absoluta solidariedade aos seus habitantes. Se deve renunciar ao que
quer que seja e o fará, só então demonstrará que é aquele bom político que
pretende reconhecimento.
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