segunda-feira, fevereiro 28, 2005

GULAG, CAMPOS DE EXTERMÍNIO, PRIMO LEVI

Tenho lido várias reportagens e artigos sobre os campos de concentração do regime soviético, os tristemente famosos gulag.
Modernamente, com o grande surto de revisionistas históricos desse período, o nazismo é equiparado ao comunismo staliniano.
.
Quanto a crueldade, sofrimentos e número de vítimas, equivalem-se; disso não subsiste a mínima dúvida. Todavia, se queremos dar um rigoroso significado ao prefixo da palavra desumanidade, então devemos considerar o nazismo com outros parâmetros.
.
Conhecemos por que foram criados os gulag: escravatura como mão-de-obra grátis para os projectos económicos; aniquilamento de todos aqueles que perturbavam o andamento da marcha dos potentes da famigerada ditadura do proletariado. Desconfiava-se de tudo e de todos e ninguém estava seguro da própria incolumidade: pessoas e comunidades.
.
Os campos de extermínio hitlerianos foram estudados para a desumanização e, consequentemente, o extermínio de pessoas que não deviam ter direito à vida, porque faziam parte de uma raça inferior: sub-humanos que deviam ser eliminados.
É nisto que reside todo o horror, hediondez e unicidade do nazismo.
.
PRIMO LEVI
Tive o prazer de o conhecer pessoalmente. Foi uma apresentação casual e confesso que senti uma grande emoção ao apertar a mão do escritor e de uma vítima que se salvou do campo de extermínio.
Quando se suicidou, eu ainda vivia em Turim. Custou-me a aceitar aquele suicídio. Talvez pela grande simpatia que me inspirava, pelo escritor que admirava, por uma figura ilustre que desaparecia.
Pessoas amigas, que o conheciam bem, negavam o suicídio; acreditavam mais num acidente. Oxalá que assim tivesse sido. Doía-me saber que ele não resistiu à angústia que nunca mais o abandonara desde que foi deportado.
AldaMMaia