segunda-feira, janeiro 30, 2017

OS CONTRA-SENSOS IMPERAM
AOS SENSATOS A PALAVRA

Sensatez, por onde andas? Nos tempos actuais, os dislates, os despautérios, as parvoíces são as plataformas onde assentam os discursos e as intenções dos grandes da terra.
E com qual desenvoltura as proclamam, perante multidões! A este ponto, e usando vocábulos terra-a-terra, podemos dar voz ao que pensamos e acenar às burrices de bestas humanas que caracterizarão o 2017?

A primeira burrice… perdão, apenas quis dizer contra-senso. Pois bem, este primeiro contra-senso alberga-se na corrente de “trumpadas” que desabaram sobre a América e diz respeito à elevação de um muro nas fronteiras com o México. Com o pretexto de bloquear imigrações indesejadas, decidiram construí-lo sem consultar o governo mexicano nem pedir conselhos a ninguém. Entretanto, porém, os mexicanos deverão pagar o custo das obras.

Pergunta óbvia: isto é arrogância desmedida ou uma desmesurada estupidez?! A resposta é simples: ampla estupidez aliada a uma arrogância indigna do país donde provém.
O México reagiu e, como seria de esperar, naquele país desencadeou-se uma onda de antiamericanismo. Até onde chegará tudo isto?

Mas, infelizmente, os dislates subseguem-se e, sexta-feira passada, o estreante Presidente dos Estados Unidos assinou uma ordem executiva que não é somente indigna, mas também repugnante.
“Como protecção das nações contra o ingresso de terroristas estrangeiros”, essa ordem executiva proíbe a entrada de cidadãos provenientes de sete países muçulmanos: Irão, Iraque, Líbia, Síria, Somália, Sudão e Yémen

Muitos desses cidadãos iam a caminho da América com a devida autorização para a entrada no país.
Várias dezenas ficaram retidas nos aeroportos de Nova York, Chicago, Los Angeles e outros, com a ameaça de serem repatriadas.
A juíza federal de Brooklyn, Ann M. Donnelly, interveio e impediu as deportações, fruto de uma ordem executiva demolidora da uma tradição sempre ancorada a uma democracia acolhedora e inquestionável. Outros juízes federais assumiram idêntica iniciativa.  
                                  
Para os sírios é proibida a entrada até novas ordens; para os demais países a proibição durará 90 dias.
Moral da história: como são países muçulmanos, os seus cidadãos devem ser discriminados. Logo, os muçulmanos não podem ter acesso aos Estados Unidos da América.
Que pensam aqueles muçulmanos que, de há gerações, são cidadãos americanos? Protestam, obviamente. Aliás, os protestos contra mais esta aberração de Mr. Trump ecoaram pelo mundo. Oxalá que a sociedade internacional não desvie os olhos desta nova realidade americana, reaja sempre que necessário e sem ambages.

Se continua por este caminho que, em fim de contas, prejudica o próprio país em primeiro lugar, a América deve pôr travão a este demagogo.

Felizmente, o povo americano começa a vir para a rua e demonstrar que o labrego que elegeu é uma anomalia, sórdida, na essência da sua identidade nacional.

segunda-feira, janeiro 23, 2017

TERESA MAY, DONALD TRUMP:
OS DOIS PARCEIROS NA DEMAGOGIA

Se não fosse a expressão ridícula de Trump, assemelhar-se-iam... na petulância

Quase me fugia a mão para escrever: “Os dois parceiros da estupidez”. Não é o caso, porque não são estúpidos. São aquilo a que se poderia chamar: dois finórios navegando na política. E aqui reside o desagrado e desconfiança nestes dirigentes de dois países ocidentais de relevância mundial.

Teresa May, primeiro-ministro do Reino Unido e aplaudente do Brexit, assegura que o seu país terá “um futuro global fora da EU”. Paralelamente, ameaça que a saída britânica da União Europeia deve efectuar-se dentro de normas favoráveis à Grã-Bretanha ou seja: manter as vantagens de mercado livre, assim como do sector financeiro dentro da União, mas ficando fora das regras europeias e do Tribunal de Justiçada da UE.
E se assim não for, Teresa May ameaçou: “Sem o acordo de Bruxelas tornar-nos-emos num paraíso fiscal”.

Que um primeiro-ministro responsável e competente ameace, com tanta desenvoltura, a criação de um paraíso fiscal nno seu país se os factos não coincidirem com as suas pretensões, a Grã-Bretanha deveria ter vergonha dos dirigentes que elege. Excessiva arrogância, inteligência limitada. Para esta Senhora, por exemplo, a evasão fiscal seria fenómeno de secundária importância.
Há países do Reino Unido, como Escócia e Irlanda do Norte, que não concordam com o Brexit, mas Londres ignora-os. E cito Enrico Franceschini:
“E a Brexit, além de pôr a Grã-Bretanha fora da União Europeia, poderia tornar a Grã-Bretanha muito menos grande”   

Tenho a impressão que a nossa Europa debate-se com um problema grave: a escassez de políticos hábeis e competentes. A mediocridade reina; os carreiristas abundam; os bons políticos são marginalizados.
Quando votamos, raramente nos detemos a procurar informações concretas sobre os candidatos, sobretudo no que concerne seriedade e competência políticas; aptidão para os cargos que pretendem ocupar. Somos levados mais pela simpatia do que por uma análise objectiva?

E com esta interrogação chegamos ao actual Presidente dos Estados Unidos, o Sr. Donald Trump.
Continuo, sempre, a perguntar: como é possível votar, para um cargo de tal importância, um indivíduo com as características de Mr. Trump!
Por muitas imagens e reportagens que siga sobre este Senhor Presidente, a minha antipatia não diminui. Seja a cara do homem, sejam os seus modos, as suas palavras, as suas atitudes de neopresidente, nada serve para atenuá-la.
Ademais, detesto pessoas, sobretudo as que pretendem assumir responsabilidades, que hoje dizem uma coisa e amanhã o contrário; que hoje acusam e amanhã desmentem. Gente sem carácter. Mas que esperar de um rústico daquele género?

É possível que a consideração que me merecia Obama dificulte o apreço pelo sucessor. Mas não creio. O homem apresenta-se-me como um grosseiro ignorante e presunçoso nos seus milhões de dólares

Li várias análises do discurso da tomada de posse. “Discurso populista e xenófobo”, um dos muitos títulos de imprensa. Ouvi-o em directa com uma esplêndida tradução simultânea. Recordei alguns alunos que tive, os quais já escreviam com fluência, mas as ideias, porém, ainda eram limitadas, embora abordassem os temas que eu explicara. O discurso de Mr. Trump fez-me evocar muitas dessas redacções.

“América first”. Óbvio. Nem outra coisa se espera de um presidente dos Estados Unidos. Deveria, porém, ter tido mais cuidado com a escolha da gravata, vermelha e longa, qual estandarte ao vento e, vejam só o caso: made in China.
Que bela gargalhada do povo chinês!

segunda-feira, janeiro 16, 2017

VÁRIOS TIPOS DE PIRATARIA NO WEB

Sobre este tema, impõe-se a acção dos hackers russos, nas últimas eleições americanas, tentando prejudicar a candidatura de Hillary Clinton em benefício de Donald Trump. “Putin ordenou a influência no voto”.

A prova foi apresentada, num relatório de 50 páginas, pelas agências dos serviços secretos americanos: Central Intelligence Agency, Federal Bureau of Investigation, National Security Agency.
Os chefes das três agências dizem que “Putin e o governo russo manifestaram uma clara preferência pelo presidente eleito Trump: “A acção dos hackers não teve algum efeito no resultado das eleições”.
As tentativas russas de influenciar as eleições presidenciais USA, em 2016, representam a expressão mais recente do desejo de longa data de Moscovo, a fim de minar a ordem democrático-liberal dos Estados Unidos.
Uma significativa escalada no nível de actividades, finalidades e esforços em relação a precedentes operações do Kremlin.

Perante este testemunho, não há razões para dúvidas e, obviamente, uma manifesta ausência de aspectos tranquilizantes.
Consideremos eleições num país da União Europeia. Se este país não souber criar um serviço eficaz de cibersegurança, corre o risco de ver os seus eleitores manipulados por intervenções perigosas, sobretudo no que concerne a clareza e legitimidade democráticas, paralelamente à competência e seriedade dos candidatos. De mal-intencionados, neste mundo, nunca se notou a ausência.
Também tentaram penetrar, em Itália, “nos server da aeronáutica militar, os mesmos que conservam os segredos dos F35”, mas nada alcançaram.

O Secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, declarou, numa entrevista, que não é aceitável a intervenção alheia nas eleições de um qualquer país. Verdade sacrossanta. Espero que tais intervenções sejam sempre classificadas como actos infames, indignos de um país civilizado e cioso da própria honorabilidade. O contrário é única e exclusivamente lixo.   

Assegurou que a NATO tem sido incansável no melhoramento da cibersegurança da organização, “apoiando os seus membros com equipas de especialistas se estes forem vítimas de ciberataques”.

De “hackeragem”, ciberataques a entidades de relevância, passemos a outro tipo de pirataria ou usurpação.
Refiro-me a usurpação ou modo incorrecto de dispersar publicidade em espaços do WEB que nada têm que ver com as relativas empresas e que, consequentemente, não lhes pertencem. Logo, mercê destes péssimos hábitos, sentimo-nos autorizados a classificar estas publicidades, não reclamadas nem autorizadas, como atitudes muito incorrectas, triviais e selvagens. Melhor dizendo: indignas de nome que pretendem expandir, dos produtos que querem publicitar.

No meu computador e no espaço deste blogue, surgem intromissões de três empresas com publicidade pirata: a casa de vendas online GearBest, a editora italiana Feltrinelli; a empresa de café italiana Lavazza.
Instalam-se, ocupam a página fraudulentamente – uso este termo, pois que a má-fé vê-se na ausência da cruz no canto direito ou esquerdo, qual sinal para apagar o intruso. Cada uma destas empresas entende que tudo lhes é permitido. Não, não é.

Espero poder expulsar intrusos que não convidei. Não creio que empresas com uma administração séria jamais seriam capazes de abusos deste género. Deduzo, portanto, que a seriedade passou por ali e fugiu. Incompatibilidades? Fale quem souber. Quanto à minha opinião, já a expressei. Mas repito-a: a publicidade destas três empresas não alberga o mínimo princípio de correcção e seriedade. 

segunda-feira, janeiro 09, 2017

MÁRIO SOARES, O POLÍTICO QUE SEMPRE
OBTEVE A MINHA ESTIMA

O Dr. Mário Soares num dos seus momentos comunicativos

 Vivi o 25 de Abril fora do País. Assisti, com redobrado interesse, à evolução de uma drástica mudança de regime e ao nascimento, finalmente, de uma democracia em Portugal.

Quando, nessa evolução, se verificaram derrapagens na direcção de caminhos donde se antevia outra espécie de regime autoritário, surgiu uma figura política de grande prestígio internacional e que deu uma luta sem quartel a essas derivas inesperadas e perigosas.
Essa figura foi o Dr. Mário Soares.

Recordo esse apoio internacional que o não abandonou, mas, acima de tudo, admirei a sua luta e coragem para que a nossa democracia pegasse, se enraizasse e permanecesse livre de contaminações dúbias.

Penso que todos nós, portugueses, quaisquer que sejam os credos políticos de cada um, lhe deveremos ser gratos e recordá-lo como uma personagem de relevo da nossa História recente e futura. 

segunda-feira, janeiro 02, 2017

SALVE, 2017!
ADEUS, 2016


Duas imagens do Coro do Exército Vermelho 

No meu adeus a 2016 impõe-se-me a tragédia do Mar Negro.
Impressionou-me este desastre aéreo, ainda que dramas similares sejam sempre terrificantes.
Tratava-se de um aéreo russo que não era veículo destinado à destruição e morte, mas, pelo contrário, levava para a Síria, martirizada, personagens que proporcionariam alívio e alegria. Este é um dos principais motivos que acrescem a desolação.
Mas a morte dos 64 membros do Coro do Exército Vermelho torná-la-á memorável.

 Admiro esta arte musical, legendária e com verdadeiro mérito qual é o Coro em questão. Seduz e encanta.
Nunca me cansei de ouvir gravações do “Alexandrov Ensemble” ou “Coro do Exército Vermelho”, fundado em 1928.
A popularíssima Kalinka, então, é canção que nunca está ausente. A esplêndida voz dos solistas que a interpretam, tenores ou barítonos, enfeitiçam. Que lindas vozes!

Informaram que os elementos que sucumbiram nas águas do Mar Negro eram os melhores do coro. Oxalá que já no decorrer de 2017 este conjunto musical ressurja com o mesmo fascínio e beleza

Auspícios de um 2017 tranquilo. E, coisa estranha: veio-me agora ao pensamento Donald Trump. Esperemos que saiba rodear-se de conselheiros competentes e assisados. Porém, e infelizmente, pelas amostras que nos vai exibindo… que Deus tenha piedade da América e de todo o Ocidente.
Continuo a perguntar-me como foi possível eleger presidente dos EUA uma personagem tão negativa. 
Como será a nova América? Como mínimo,  poderemos deduzir que será a  América dos milionários?

Bem, terminemos. Para todos nós, um sereno e felicíssimo 2017